Google, Amazon, Facebook e Apple. Juntas, essas quatro empresas formam a constelação que mudou o mundo e modelou a era digital. Reunidas no acrônimo “GAFA”, essas empresas detém um poder ainda não devidamente compreendido, nem pela população em geral, muito menos por governos ou por especialistas e pesquisadores.

James Schad, fundador da We Grow Startups, consultoria voltada para startups e empresas de crescimento acelerado, resolveu estudar de que maneira hoje os mais criativos e intensos esforços de marketing e comunicação da maior parte das empresas, das mais variadas indústrias vão, de uma forma ou de outra, para o bolso dos 4 Fantásticos. Empresas com super-poderes que trabalham incansavelmente para monopolizar tantos segmentos de mercado que afetam consumidores e a maneira de consumir.

Até que ponto o poder desmedido do GAFA poderá modelar a competição nos diferentes mercado, eliminá-la, reduzir escolhas e elevar preços? E de que modo devemos nos preocupar com os dados que fornecemos diariamente à essas empresas? Como fica nossa privacidade? Essas e outras questões foram abordadas por James Schad, no SXSW, durante o painel provocativo e inquietante denominado “GAFA: a ascensão incansável das gigantes da tecnologia”.

James aposta que um dos 4 fantásticos sucumbirá e um irá ascender como dominante. Ele não vê um futuro necessariamente brilhante para esses gigantes. O executivo começou sua apresentação falando sobre a “dominância” do My Space em 2007. A história desmentiu essa força.

O que carateriza o poder das 4 gigantes? São dominantes em pelo menos um mercado: Facebook em fãs, Amazon no comércio eletrônico, Google nas buscas, e Apple nos smartphones de alta capacidade. O Facebook e o Google detém os 8 Apps mais usados do mundo. É provável que estejamos vivenciando o duopólio de aplicativos combinados Google e Facebook. Suas receitas advém da publicidade – 86% no Google e 97% no Facebook. A Amazon, contudo, domina as buscas relacionadas ao varejo. Isso pode sinalizar que as buscas começarão a ser inchadas e especialistas em oferta e organização por assunto surgirão. As buscas originadas por uso de voz crescem rapidamente, principalmente nos EUA.

Desdobramentos virtuais: publicidade e dados

O vídeo matou a estrela do vídeo. Cada vez mais as pessoas demandam mais vídeos. Por outro lado, a propaganda oferecida no Facebook dá sinais de fadiga. Segundo Marc Prtichard, anunciar nessa rede social é como deixar a raposa tomando conta do galinheiro.

James diz que a agenda do Facebook, com a promessa “conectar o mundo”, esconde, por trás dessa nobre intenção, um negócio baseado em publicidade originada “marcando” as pessoas digitalmente. Pensem no poder do Facebook agora que desenvolve ferramentas de reconhecimento facial e gravam para sempre tudo o que você escreve na plataforma. Isso, sem contar no descontrole das mensagens e das mentiras travestidas de notícias que proliferam na rede social.

Até que ponto empresas como o Facebook estão submetidas a mecanismos antitruste? O Google é investigado por comissões europeias pela dominância no mecanismo de busca. O Facebook é constantemente acionado por omitir ou assegurar a privacidade dos dados que circulam pelo WhatsApp.

Patentes e poder intelectual

As empresas que compõem o GAFA registram centenas de patentes por ano e adquirem empresas mundo afora sistematicamente, absorvendo novas tecnologias que poderiam ameaçá-las futuramente. Da mesma forma, controlam os meios de distribuição de conteúdo. Mesmo a Amazon, com o serviço Prime entrou de modo pesado na produção e distribuição de conteúdo de vídeo via streaming. O conteúdo é o rei. Mas para quem? As pessoas pagam para consumir conteúdo original. E quanto mais elas controlam meios de acesso ao conteúdo, mais engajam a audiência e fazem funcionar maneiras de gerar recursos. Um poder intelectual sem paralelo na história. Nenhuma mídia na história ocidental exerceu o poder das 4 gigantes da tecnologia.

Facebook é também uma copiadora serial e, claro, seu alvo preferido é o Snapchat. O Facebook é uma plataforma sobre ordem e controle. Snapchat é sobre caos, frescor e criatividade. Onde este inova, aquele copia e exerce poder.

AA – Apple e Amazon

A inovação que está em gestação para ser estimulada agora é a Realidade Aumentada. Há muita expectativa sobre as possibilidades do iPhone como primeiro défice em condições de popularizar e demandar conteúdos nessa linguagem.

A força da Amazon, a gigante do e-commerce que responde por 43% do e-commerce nos EUA, espalha tentáculos por toda parte. Força preços para baixo continuamente, espicaçando as margens do varejo. Oferecem mais musicas que o Spotify em seu serviço Prime por um preço menor. “More cheaper” é a palavra de ordem da empresa fundado por Jeff Bezos. E agora, com instrumentos como o Dash Button, estará absolutamente presente nas casas das pessoas, compreendendo como, quando, em que quantidade, os consumidores usam produtos diversos. A empresa também projeta e quer patentear armazéns aéreos, localizado no céu, literalmente, para fazer entregas por meio de drones (veja a imagem).

Poder desmedido? 

O poder dessas 4 fantásticas empresas é indiscutível. Elas exercem monopólio de diferentes formas e de modo não devidamente compreendido. A apresentação de James Schad joga luz sobre o controle absurdo e sem paralelo da publicidade e da distribuição de conteúdo digital atualmente. Podemos pensar num futuro sem essas empresas? Qual delas irá prevalecer? Fast Company lançou um artigo há alguns anos mostrando como essas 4 empresas concorrem, direta ou indiretamente, com as grandes líderes dos setores mais diversos. Essa visão, contudo, não evoluiu a ponto de percebermos o quanto nós as tornamos dominantes.

Vale a reflexão: você consegue imaginar a sua operação, o seu negócio, a sua empresa vivendo imune à influência de Google, Amazon, Facebook e Apple nos próximos anos?

Ah, sim. No começo da apresentação, James falou que uma das 4 fantásticas venceria essa disputa e uma iria sucumbir. Fiz a pergunta a ele. Sua resposta: “Amazon vence o jogo por que sua receita não depende uma fonte apenas. Facebook é a aposta para a queda. Este já não é o brinquedo favorito de Zuckerberg. Ser o novo Trump parece ser seu foco”.

Faça a sua aposta.

*Jacques Meir é Diretor Executivo de Conhecimento, Conteúdo e Comunicação do Grupo Padrão. 

Fonte: Consumidor Moderno