O mercado de bitcoins representa mais de US$ 170 bilhões, cerca de R$ 600 bilhões de reais, atualmente. Com crescimento rápido na América Latina, o Brasil projeta volume negociado, apenas nas exchanges nacionais, em torno de R$ 3 bilhões de reais, ainda em 2017.
Esse é o cenário das moedas digitais ou criptomoedas, sendo a bitcoin a mais famosa delas, apresentado no “1º Encontro de Economia Digital – Oportunidades e Desafios das Moedas Digitais”, que reuniu mais de 150 empresários na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), no dia 26 de outubro.
O moderador do debate, Wagner Marcelo, membro da ComiBit e Presidente da Ignitions, lembrou que o evento é um marco, pois o tema sai do mundo daqueles que detêm conhecimentos focados em tecnologia e passa a interessar também o empresariado. “Isso é importante para o desenvolvimento de novas tecnologias que vão ajudar o comércio e o serviço”, completa.
Organizado pela Comissão das Moedas Digitais (ComiBit) da ACSP e pela Distrital Centro, em parceria com a Distrital Sul, o encontro também foi transmitido ao vivo pelas redes sociais, onde mais pessoas puderam acompanhar e interagir com os debatedores: Domenico Lerario, membro da ComiBit e fundador e CEO da startup Econobit; Luiz Calado, economista e estudioso da regulação em mercados de capitais e moedas eletrônicas e Marcos Henrique, sócio-advisor da FoxBit.
Participaram também do evento o vice-presidente da ACSP, José Maria Chapina Alcazar; o diretor superintendente da Distrital Centro, Luiz Alberto Pereira da Silva, e Bruno Rall, presidente da ComiBit, conselheiro da Distrital Centro e idealizador e fundador do grupo Bitcoin São Paulo (Meetup).
Confiança
Para o economista Luiz Calado, inicialmente foi difícil confiar em uma moeda sem lastro do Banco Central, porém atualmente é uma possibilidade de investimento com grande abertura mundial.
“A perspectiva mudou e não posso negar algo que dá quase 600% de retorno em um ano. Hoje quando vejo o Japão e outros países olhando como oportunidade de investimento, não posso negar uma possibilidade de diversificação de portfólio”, avaliou o economista.
Brasil e Mundo
“Bitcoin não é o dinheiro da internet, é a internet do dinheiro”, disse o debatedor Marcos Henrique ao explicar sobre a economia digital no Brasil e no mundo. Segundo ele, países de primeiro mundo já estão se posicionando proativamente sobre o bitcoin. As exceções globais são governos “duvidosos”, como o da Venezuela.
“Países evoluídos de primeiro mundo têm uma regulamentação leve sobre o bitcoin e fazem o controle, mas não a ponto de matar essa inovação. Eles entendem o potencial da tecnologia e que ela pode melhorar a vida dos desbancarizados”, analisa o palestrante.
Quanto à popularização das moedas digitais no Brasil, Marcos Henrique disse não saber a intensidade – lenta ou rápida – se comparada com a de outros países, porém “é uma onda sem volta e vai chegar para todos, pois tem o poder de mudar negócios, modelos, gerar novas oportunidades e o de mexer na vida de todo o mundo”, completa.
Mito
Os debatedores explicaram que é um mito dizer que a bitcoin é anônima. “O que a mídia propaga, e que não é verdade, é que a bitcoin é anônima. A bitcoin não é o paraíso dos bandidos. É altamente rastreável, altamente verificável. É importante esclarecer, pois a maioria das pessoas não sabe”, disse o debatedor Marcos Henrique.
De acordo com Lerario, a segurança e a rastreabilidade das moedas digitais é possibilitada pela tecnologia do blockchain, palavra que se refere a uma cadeia de transações agrupadas em blocos e escrituradas na rede de forma imutável. “É como se fosse um cimento fresco: escreveu uma transação lá não há como alterar”, disse.
Riscos
Para os debatedores, assim como qualquer outro investimento, o bitcoin também é um risco. Diante desse assunto, Marcos Henrique conta que já teve conhecimento de casos em que pessoas venderam a casa e investiram tudo em bitcoin. “Isso é uma maluquice”, disse. Ele explica que, do mesmo modo que a moeda sobe de preço rapidamente, ela também pode cair.
“As pessoas precisam ter uma maturidade tecnológica para fazer um investimento como esse de forma a não comprometerem suas finanças”, recomenda.
Palestras Internacionais
O diretor de desenvolvimento de negócio para a América Latina da startup alemão Brickblock, Gonçalo Sanches, falou sobre os desafios e a importância do alcance mundial das moedas digitais. “As pessoas vão ter acesso a ativos e a fundos tradicionais que antes não conseguiriam por vias comuns. Vai existir uma inclusão financeira global”, disse Sanches.
Já o diretor de expansão internacional da startup americana Cofound.it, David Sabo, explicou sobre a diferença entre dinheiro físico e o digital. “Basicamente, quando falamos de criptomoedas, estamos falando de dinheiro na internet que não pode ser copiado. A tecnologia blockchain permite que uma infinidade de coisas tornem-se possíveis.”
Fonte: Assessoria de Imprensa da Associação Comercial de São Paulo
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