Cultura empreendedora Editorial

Performance Extrema: Administre a sua empresa como um time de Fórmula 1

Você já se perguntou como algumas equipes não apenas ganham, mas dominam consistentemente seu campo de atuação? No universo corporativo, essa capacidade vai além da “alta performance” e se eleva à Performance Extrema. Assim como em uma equipe de Fórmula 1, o objetivo não é apenas vencer uma corrida, mas sim o campeonato – que, no mundo dos negócios, se traduz em distribuição de dividendos e crescimento dobrado de forma sustentável. Isso não é sorte, é metodologia.

Vamos desmistificar a Performance Extrema, entendendo o que ela é, por que e como implementá-la, para quem ela se destina e como medi-la, tudo através da lente de uma equipe de ponta da F1.

1. O que é Performance Extrema?

Imagine a Fórmula 1:

  • A “performance comum” de um time é conseguir ganhar uma corrida aqui e outra ali, de forma ocasional. Eles participam, mas não se destacam consistentemente.
  • A “alta performance” é ir além, ganhando corridas de forma mais frequente e até conquistando campeonatos. Eles são fortes contendores, mas talvez não dominem todas as temporadas.
  • A “Performance Extrema” é quando sua equipe atinge a hegemonia. É ser como a equipe que domina os campeonatos consistentemente, ano após ano, mostrando uma superioridade inquestionável em cada detalhe. O carro está perfeito (ajustes de motor, aerofólio), o piloto é impecável (ponto de freada e aceleração perfeitos), a equipe de box faz paradas em tempo recorde. Tudo isso de forma sustentável.

No mundo corporativo, Performance Extrema é quando um time não apenas atinge suas metas, mas as supera consistentemente, entrega resultados excepcionais e faz isso de forma sustentável, contribuindo ativamente para o sucesso dos outros departamentos e para a visão geral da empresa – o nosso “campeonato”. É um padrão de excelência contínua que busca ir “além do solicitado” e, acima de tudo, estabelecer uma posição de liderança e domínio duradouro em seu mercado.

2. Por que Implementar Performance Extrema?

Por que uma equipe de F1 investiria bilhões para ser hegemônica, em vez de apenas “ser boa”? Porque ser bom não garante a vitória no campeonato. Implementar a Performance Extrema traz benefícios enormes:

  • Dominar o Campeonato (Ganhos e Crescimento Sustentável): A meta não é só “fazer o básico”, mas garantir a distribuição de dividendos e o crescimento dobrado e sustentável no final do ano. A Performance Extrema é o motor para isso.
  • Inovação Acelerada: Times de F1 que buscam a excelência máxima não apenas resolvem problemas no carro; eles criam novas tecnologias, aerodinâmicas e estratégias de pneu que revolucionam o esporte. Nos negócios, isso significa inovação constante e disruptiva.
  • Vantagem Competitiva Irrefutável: Se seus concorrentes estão apenas buscando “alta performance”, sua busca pela Performance Extrema os deixará para trás, criando uma barreira de entrada quase intransponível.
  • Eficiência e Precisão Otimizadas: Cada milissegundo em um pit stop, cada ajuste na suspensão ou no motor é otimizado. No seu negócio, isso se traduz em processos enxutos, alta produtividade e uso inteligente de recursos.
  • Engajamento e Moral da Equipe: Ninguém quer ser parte de um time que apenas “participa”. Fazer parte de uma equipe que almeja a Performance Extrema e vê o impacto de seu trabalho na vitória motiva e engaja cada membro, como em uma equipe de F1 campeã.

3. Como Implementar Performance Extrema?

A implementação da Performance Extrema em um time de F1 (e no seu negócio) exige uma estrutura meticulosa e uma cultura de precisão.

a) Os Pilares da Performance (Os Horizontes Estratégicos do Campeonato):

Seus três pilares de análise não são áreas aleatórias, mas sim os próprios horizontes de planejamento e suas prioridades, que moldam a capacidade do seu time de dominar o campeonato:

  • Pilar 1: Alta Prioridade (Foco em 30 dias – Curto Prazo)
    • Na F1: Pensar na próxima corrida. Qual o ajuste ideal do carro (ângulos das asas, pressão dos pneus, rigidez da suspensão) para o próximo fim de semana? Qual a estratégia de pit stop e pneus para essa corrida?
    • No Negócio: Metas e entregas imediatas, cruciais para manter o ritmo e a competitividade diária.
  • Pilar 2: Média Prioridade (Foco em 60 dias – Médio Prazo)
    • Na F1: Planejar as melhorias no carro para as próximas 2-3 corridas. Desenvolver pequenas atualizações aerodinâmicas, ajustar o motor para as características de algumas pistas futuras, refinar o treinamento da equipe de pit stop.
    • No Negócio: Projetos de médio prazo que consolidam o crescimento e otimizam processos para os próximos meses.
  • Pilar 3: Baixa Prioridade (Foco em 90 dias – Longo Prazo)
    • Na F1: Trabalhar no carro do próximo ano, desenvolver um novo motor para as próximas temporadas, pesquisar tecnologias revolucionárias, planejar o orçamento de longo prazo da equipe. O foco é o próximo campeonato.
    • No Negócio: Iniciativas estratégicas de longo prazo, pesquisa e desenvolvimento, expansão de mercado que garantam o crescimento sustentável dobrado.

Cada um desses “pilares” recebe 7 atividades macro específicas, como “Desenvolvimento de nova suspensão” (90 dias) ou “Estratégia de Pneus para Nurburgring” (30 dias).

b) O Planejamento de Cada Atividade (A Receita de um Carro Campeão – Regra 50/30/20):

Cada uma das 7 atividades dentro de cada pilar segue uma alocação de esforço rigorosa para garantir a Performance Extrema:

  • 50% Análise: Antes de mexer no carro, os engenheiros da F1 passam horas analisando dados de telemetria, simuladores, vídeos de corridas anteriores. Por que o pneu desgastou? Onde o piloto perdeu tempo? (Ex: Estudar o ponto de freagem perfeito e a aceleração). No negócio, é entender o problema a fundo, coletar dados e definir o que precisa ser feito.
  • 30% Desenvolvimento/Otimização: Com a análise feita, eles projetam novas peças (aerofólio, suspensão), otimizam o mapeamento do motor, treinam a equipe de pit stop para um décimo de segundo a menos. No negócio, é criar a solução, desenvolver o produto ou otimizar o processo.
  • 20% Implementação/Execução: Finalmente, é hora de montar a peça nova, ajustar o motor, e o piloto entrar na pista e executar a estratégia. No negócio, é colocar o plano em prática. Um bom planejamento faz a execução ser quase um “plug-and-play”.

c) Colaboração Intertimes (A Sincronia da Equipe de F1):

Em uma equipe de F1, o time de aerodinâmica não trabalha isolado do time de motor ou de suspensão. Um novo aerofólio afeta a suspensão, que afeta o pneu, que afeta a estratégia de pit stop. As atividades são estudadas e definidas em conjunto com outros times para garantir que a soma dos esforços de todos contribua para a Visão Estratégica maior (ganhar o campeonato). Não são simples listas de tarefas, mas peças interligadas de um grande quebra-cabeça.

4. Para quem é a Performance Extrema?

Este modelo é para qualquer organização e equipe que se vê como um time de F1 na pista dos negócios:

  • Para líderes e equipes que não se contentam em “participar”, mas querem vencer campeonatos de forma hegemônica.
  • Para empresas que precisam de clareza e precisão na avaliação, como os dados de telemetria de um carro de F1.
  • Para ambientes que valorizam a inovação constante, a melhoria contínua em cada detalhe e a colaboração impecável entre os “departamentos” (como entre engenheiros de motor, aerodinamistas e estrategistas de pista).
  • Para organizações que buscam transformar a avaliação de performance em uma ferramenta de engajamento e aprendizado mútuo.

5. Como Mensurar a Performance Extrema?

A mensuração é tão precisa quanto os dados de um carro de F1, garantindo que cada esforço seja reconhecido e otimizado:

a) Pontuação das Atividades e Pilares:

  • Cada uma das 7 atividades (ex: “ajuste do motor para potência em reta”) é pontuada de 0 a 3:
    • 0: Não entregue (Motor quebrou).
    • 1: Entrega parcial (Motor não alcançou a potência esperada).
    • 2: Entrega completa (Motor entregou a potência planejada).
    • 3: Entrega além do solicitado (Motor entregou potência superior à projetada, surpreendendo!).
  • A pontuação de cada Pilar (Alta Prioridade/30 dias, Média Prioridade/60 dias, Baixa Prioridade/90 dias) é a soma das 7 atividades (máximo de 21 pontos por pilar).
  • A pontuação total máxima combinando os 3 pilares é 63 pontos.

b) Pontuação Final do Time (A Média do Campeonato):

  • A performance final do time é a média simples das pontuações obtidas nos 3 pilares. Isso mostra se o time é bom apenas no curto prazo ou se tem uma performance balanceada para o campeonato.

c) Classificação da Performance (Da Zona de Rebaixamento ao Pódio):

A pontuação final é traduzida em níveis claros:

  • 0 a 7: Performance Baixa (Está na lanterna, precisa de ajustes urgentes).
  • 8 a 14: Performance Média (Está no meio do grid, pode pontuar às vezes).
  • 15 a 20: Performance Alta (Regularmente no top 5, disputa pódios).
  • 21: Performance Extrema (O time campeão, dominando todas as frentes!).

d) O Gameboard: O Painel de Controle da Equipe de F1:

A mensuração ganha vida através de um Gameboard multifuncional, como o painel de controle da equipe de box, que permite:

  1. Gráfico Aranha (Radar Chart): Uma visualização imediata da “forma” do time nos três pilares (30, 60, 90 dias). Você vê se estão balanceados ou se são fortes só no curto prazo, por exemplo.
  2. Espaço de Performance Global: Mostra a pontuação geral do time, como a posição no ranking do campeonato.
  3. Análise por Pilar: Detalha a performance em cada horizonte (curto, médio, longo prazo).
  4. Análise por Atividade: Mostra a pontuação individual de cada tarefa (ajuste do motor, estratégia de pit stop), permitindo identificar o que funcionou e o que não.
  5. Gamificação (Deck e Rodadas): Aqui, a pista se torna interativa! Cartas de performance dos times são usadas em um jogo. Os “pilotos” (líderes de time) escolhem qual “melhor característica” de seu carro (a pontuação de um pilar específico ou a pontuação geral) querem comparar. Quem tiver a maior pontuação naquela métrica ganha a rodada. Essa dinâmica é um “briefing” entre equipes, onde todos aprendem uns com os outros sobre quem é bom em “estratégia de corrida” (30 dias), “desenvolvimento de upgrades” (60 dias) ou “visão para o próximo carro” (90 dias), incentivando a troca de melhores práticas para levar todos ao pódio do campeonato.

Em resumo, a Performance Extrema é a filosofia de uma equipe de F1 que busca incansavelmente a perfeição em cada detalhe, em cada corrida, em cada temporada, para garantir a vitória no campeonato. É um modelo holístico que integra estrutura, planejamento, medição precisa e engajamento colaborativo para levar seu negócio ao topo, com dividendos e crescimento dobrado sustentável.

Sobre o autor

Wagner Marcelo

Atua profissionalmente como arquiteto de inovação, gerando e fomentando ecossistemas empreendedores e tecnológicos, tendo como missão o desenvolvimento de negócios disruptivos.

6 comentários

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  • Bom dia Wagner
    Adorei o artigo parabéns, é como sempre pensei e trabalhei .
    Não se trata de fazer por fazer, só para entregar (comum hoje em dia)!
    Se trata de fazer o ideal, para cada situação individual.
    Estamos na era do copiou colou, e o pior muitos que copiam nem sabe do que se trata.
    Tudo muito bem pensado e elaborado tem uma tendência de eficácia e prazos bem curtos, o seu artigo é necessário e foi didático, Compartilhei , vejo muita gente ruim hoje , tá complicado, prometendo e não entregando nada!
    Excelente dia

    • Olá Fabiana, ótimo saber que gostou do conteúdo.
      Estar à frente de uma empresa com resultados extraordinários é uma opção, pois tudo sem seu preço.
      Existem líderes que só querem estarna corrida para participarem e viverem de suas próprias iniciativas, mas existem aqueles que pagam o preço para elevar a qualidade dos negócios, pois busca não só agregar valor para sí ou sócios, mas para todos os envolvidos no negócio.
      Não é difícil implementar essa cultura nas empresas, mas é trabalhoso.
      Vale a pena!

  • Excelente artigo sobre Performance Extrema. Muito oportuno para uma geração que pouco produz e quando o fazem não passa de meras cópias. Parabéns Wagner, gratidão por compartilhar

    • Fico feliz que tenha gostado do conteúdo!
      Acredito que essa analogia entre negócios e times de F1 possa ajudar a ilustrar para os empresários a necessidade de acompanhar toda “telemetria” das empresas para poder elevar os negócios a novos patamares.