Editorial TIC's

Prejuízo do Nubank tem primeira queda significativa desde a fundação da fintech

O Nubank, maior fintech do Brasil, viu seu prejuízo cair 32% no primeiro semestre deste ano, para R$ 95 milhões, em relação ao resultado registrado ao fim da primeira metade do ano passado.

Segundo Marcelo Kopel, CFO da fintech, a redução se deve ao crescimento da receita e a uma menor despesa operacional por cliente.

Desde sua fundação, em 2003, essa é a primeira vez que o Nubank anota uma queda significativa, sendo de – R$ 44 milhões no prejuízo. Em 2017 houve um recuo verificado na sucessão de perdas, quando somou um prejuízo de R$ 116 mil, contra R$ 122 mil do ano de 2016.

Em 2019, a fintech anunciou um prejuízo líquido de R$ 312 milhões, um resultado 212% pior que o déficit registrado em 2018 e, apesar de no primeiro semestre de 2020 os números permanecerem no vermelho, para os especialistas em fintechs, Bruno Diniz e Fernanda Garibaldi, os prejuízos anunciados não são indicativos de que a empresa vai mal. Na verdade, os resultados negativos são reflexo de uma estratégia agressiva de expansão.

À primeira vista, os resultados assustam, mas não são exatamente uma novidade. Desde que começou a operar, em 2013, o Nubank nunca deu lucro. A primeira queda significativa no prejuízo líquido foi justamente a que ocorreu entre janeiro e junho deste ano, em meio à crise do novo coronavírus.

“Se você olha o cenário de pandemia, como o que estamos passando, isso é realmente um feito. A empresa conseguiu manter o ritmo acelerado de crescimento, reduziu o prejuízo e ainda continuou entre as melhores fintechs do mundo”, explica Bruno Diniz, especialista em fintechs e co-fundador da consultoria Spiralem.

O especialista ressalta ainda que ter prejuízo, mesmo que milionário, não é indicador ruim para a fintech e sim, o reflexo do objetivo estratégico da empresa. “Os modelos de negócios de empresas de tecnologia sempre tem muito essa estratégia de sacrificar o lucro no curto prazo para conseguir expandir a empresa e se blindar da concorrência externa”, afirma Diniz.

Compartilhando da mesma visão que Diniz, Fernanda Garibaldi, pesquisadora da USP na área de sistemas de pagamento, finanças e tecnologia e especialista do Felsberg Advogados, declara: “Esse prejuízo faz parte de uma opção de negócio, em que a empresa reinveste todo o lucro para expandir a própria fintech e ampliar a base de usuários”.

Marcelo Kopel, que trabalhou no Itaú e escolheu ir para o Nubank em janeiro deste ano, comentou no blog do Nubank exatamente o que os especialistas, Diniz e Fernanda disseram, que o prejuízo é uma decisão da empresa. Kopel ressalta que esse resultado já era esperado como parte da estratégia de crescimento nesse momento.
“Escolhemos investir na empresa, nas pessoas e no desenvolvimento de novas tecnologias para continuar entregando a melhor experiência aos nossos clientes. Esse modelo é bastante conhecido e usado por empresas de tecnologia”, explicou o diretor financeiro.

Em virtude da empresa ter aumentado a quantidade de clientes de forma acelerada, isso acaba gerando demanda de mais investimentos e mais recursos destinados a provisionamento (dinheiro destinado a cobrir possíveis calotes que, mesmo não sendo utilizados, entram como despesas no balanço).

Em relação ao primeiro semestre do ano passado, que a fintech tinha 11 milhões de clientes, um ano depois, ela mais que dobrou esse número, dando um salto bem significativo para 26 milhões de clientes, uma média de 41 mil novos clientes por dia.

Com o aumento da proporção de clientes antigos em relação aos novos, a dinâmica começa a mudar.
Segundo Kospel: “Os clientes que já estavam vem amadurecendo, com o passar do tempo, eles passam a engajar mais conosco, gerando mais volume de transações, que fazem nossas receitas crescerem, mesmo sem cobrarmos anuidade. Se olharmos os negócios por pedaço, o cartão de crédito já gera resultado positivo”, afirmou.
É possível que o Nubank já comece a fechar a conta no ano que vem, como consequência dessa nova dinâmica. “Mas isso está muito relacionado à quantidade de clientes. Se tivermos que postergar esse equilíbrio, significa que o negócio está crescendo mais”, afirmou o executivo.

Houve um aumento de 60% nos depósitos feitos pelos clientes, com um saldo de R$ 17,3 bilhões ao fim do primeiro semestre, o que é motivo para comemoração da fintech. Esse resultado levou o Nubank a terminar a primeira metade do ano com R$ 19,9 bilhões em caixa, um crescimento de 48% em relação ao que tinha no fim do ano passado e um recorde nos sete anos de história da instituição.

Com tudo isso, o Nubank não ficou imune à crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus que começou atingir o Brasil desde março. No período mais duro para a economia, a inadimplência entre clientes da fintech, chegou a atingir 5,8%, taxa registrada em junho. Em dezembro do ano passado, era de 4,3%. Em julho, teve uma ligeira queda para 5,7%.

Mesmo mais alta, a taxa do Nubank ainda está abaixo da média de mercado, de 7,5% em junho, segundo dados do Banco Central.
Ainda segundo o executivo, a pandemia chegou a gerar um impacto no volume de compras com o cartão de crédito no período inicial da quarentena no Brasil. No entanto, no fim do semestre, o fluxo de transações retornou ao patamar anterior e o volume transacionado em compras do cartão de crédito foi 54% maior que o registrado no primeiro semestre de 2019.

Balanço Nubank 2020 – De acordo com os dados do blog Nubank

Solidez: R$ 19 bilhões em caixa – aumento de 48% (em relação a dezembro de 2019), outro recorde na história do Nubank;
Confiança: Crescimento de 54% no volume de transações em relação ao mesmo período de 2019;
Contas saudáveis: As receitas de intermediação financeira mais do que dobraram em relação ao primeiro semestre de 2019, (foram R$ 2,079 bilhões);
Crescimento: 26 milhões de clientes, mais que o dobro de um ano atrás, (antes eram 11 milhões de clientes);
Saldo de depósito no primeiro semestre: R$ 17,3 bilhões, considerando as retiradas (60% maior que o registrado em dezembro de 2019);
Aumento no número de funcionários: 12% a mais que em dezembro de 2019 (totalizando 2.720 Nubankers no final de julho);
Prejuízo líquido do semestre: R$ 95 milhões, ou seja, 32% melhor quando comparado ao mesmo período no ano passado.

Em seu blog, a fintech declara: “Como todo mercado, aumentamos a provisão para perdas associadas ao risco de crédito devido à pandemia do covid-19. No Nubank o aumento foi de 16%.
Desde o início da crise, estamos monitorando diariamente os efeitos da pandemia, criando canais de comunicação internos, analisando modelos, fazendo melhorias nos nossos controles, desenhando novos cenários e, acima de tudo, ouvindo nossos clientes.
É a partir dos comentários dos mais de 26 milhões de clientes Nubank, que a gente consegue continuar a construir produtos e serviços que realmente façam a diferença na vida das pessoas. Seguimos nessa missão cada vez mais fortes”, ressalta o Nubank.

Fontes: Infomoney, Isto é Dinheiro, CNN, einvestidor, Olhar Digital, Nubank

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