Já bem estabelecido no mercado, a categoria de clubes de assinatura vive uma fase importante no Brasil – e no mundo. Além de sustentar pequenas e médias empresas especializadas, os programas de assinatura têm conectado indústria e consumidores sem intermediários.
A adesão de empresas de grande porte, como a multinacional de bens de consumo Procter & Gamble (P&G) ao modelo oferecendo o serviço de entrega de lâminas de barbear da sua marca Gillette é um exemplo desse movimento.
A proposta do box Gillette Club é fidelizar clientes mais jovens por meio do fornecimento recorrente de refis de lâminas de barbear, de acordo com o plano e a data de entrega que cada um preferir – tudo feito pela internet.
Nos últimos dias, duas grandes varejistas – Macy´s e Nike anunciaram a modalidade em seus negócios. A primeira dará seus primeiros passos com a Bloomingdale’s e terá a ajuda da CaaStle, empresa especializada em orientar varejistas na implantação de serviços de vestuário por assinatura.
A estratégia da varejista é entender este mercado para desenvolver esse e outros serviços similares, como, por exemplo, o de aluguel de roupas num futuro próximo.
Empresas como a American Eagle e a Urban Outfitters lançaram serviços de assinatura ou locação para suas roupas e tentam seguir a mesma fórmula de sucesso obtida pela Rent the Runway, que loca roupas de luxo em pacotes personalizados.
A Nike também embarcou nessa. Desde a última semana, a empresa passou a oferecer o “Adventure Club”, exclusivamente, para o público infantil norte-americano – um mercado estimado em 10 bilhões de dólares por ano.
A tentativa da gigante calçadista é facilitar a vida dos pais evitando o número de idas com os pequenos às lojas de calçados. Em troca, a varejista ganha a lealdade à marca com uma mensalidade regular.
Em meio a essas movimentações no mercado e das tantas possibilidades oferecidas pelo mundo virtual surge a seguinte questão: grandes varejistas brasileiras, como Renner e Riachuelo podem se render ao modelo de assinaturas?
Caio Camargo, consultor de varejo e sócio-diretor da GS&UP, acredita que não. Pelo menos, não no curto, nem no médio prazo.
“Para o varejo, ainda vejo certa distância. Talvez para mercados de nicho com público qualificado ou para a indústria, como é o caso da Nespresso. Mas, para o varejo em termos gerais, talvez demore para acontecer”.
Camargo justifica dizendo que o consumidor brasileiro ainda é muito sinestésico e gosta muito de ter contato com o produto. Ele cita o caso da Amaro que nasceu no mundo digital e mesmo com toda a sua estratégia focada nesse universo precisou inaugurar um guide shop para proporcionar essa experiência e também se aproximar das consumidoras.
Outro exemplo, a loja da Riachuelo, no Shopping Eldorado, foi toda reconfigurada e agora, possui um novo espaço com pontos digitais onde é possível comprar todos os produtos da marca, com frete grátis.
De acordo com Camargo, para o mercado americano, a estratégia funciona como uma tentativa de fidelizar o consumidor num cenário em que muitas varejistas vem perdendo espaço. No caso da Macy´s, por exemplo, os lucros do segundo trimestre haviam caído bem abaixo das estimativas e as ações caíram mais de 13%.
“É um momento de reformulação geral. Antropologicamente, ainda estamos alguns passos atrás do mercado americano. O modelo de hipermercado, por exemplo, já faz mais sentido para nós e o varejo precisa se adaptar a isso primeiro”.
Fonte: Diário do Comércio
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