Comércio Editorial

Nordeste é o primeiro destino da Preçolândia fora de São Paulo

Rede de utilidades domésticas da família Zakka (acima) completa seu plano de expansão em 2018 com a abertura de cinco lojas na região e uma em Vila Velha (ES). Conquistar abrangência nacional é uma meta da varejista, que planeja chegar a 100 lojas até 2026

O ano de 2018 vai encerrar com dois marcos na história da rede de utilidades domésticas Preçolândia: as quatro décadas de atividade, completadas em maio último, e o ínicio do seu plano de expansão nacional.

Com 34 lojas espalhadas pelo estado de São Paulo, a rede começa sua incursão pelo Brasil a partir da região Nordeste, onde inaugurará cinco lojas: em Aracajú (SE), Recife (PE), Maceió (AL), Fortaleza (CE), Salvador (BA) e uma no Sudeste, em Vila Velha (ES), até dezembro. Todas em shopping centers, como a maioria das lojas da rede.

O projeto de expansão pelo país, que já vinha sendo preparado “muito antes” da crise de 2015 e continuou mesmo assim, segundo Michel Zakka, diretor comercial da rede e vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), começou a se concretizar.

Como faltam três meses para acabar o ano, serão abertas praticamente duas lojas por mês, afirma Michel. “Está tudo assinado, em obras e o cronograma será cumprido.

“Nem que seja aos 45′ do segundo tempo!”, brinca o empresário, para quem a região foi escolhida não só por ser carente de varejistas, mas pela aderência ao modelo de negócio de utilidades para casa, já que o consumidor local é mais aberto e interessado em novidades.

Assim, a Preçolândia deve fechar o ano com 40 lojas, conforme anunciado durante evento de comemoração do aniversário da rede.

Mas a ideia é continuar: já que o plano de expansão prevê mais 10 lojas em 2019, a rede já está em negociação nos demais estados da região para cobrir o Nordeste.

O próximo passo é ir para o Centro-Oeste. “Já assinamos em Cuiabá, e começamos a negociar com outras cidades da região”, afirma Michel. A outra parte do projeto de expansão da rede prevê a integração de canais – o chamado omnichannel.

Com lojas que possuem estoque individual, que representa 40% da área de vendas, a Preçolândia possui um Centro de Operações Logísticas junto à àrea administrativa, na Vila Leopoldina (Zona Oeste de São Paulo), só para atender o e-commerce.

DETALHE DO CENTRO LOGÍSTICO PARA O E-COMMERCE: 10 MIL SKUs

A operação virtual, que hoje vale por três lojas da rede, segundo Michel, é parte importante do processo, que será concretizado até 2020.

Oferecendo opções de compra pelo site e retirada na loja ou em lockers e entregas via Correios ou por frota própria, a Preçolândia agora trabalha no desenvolvimento de aplicativo próprio e na integração de outros canais de venda, como totens, Youtube ou redes sociais, entre outros.

“A ideia é abranger todos os canais possíveis para facilitar cada vez mais a vida de quem quer comprar”, diz.

Sem nunca ter fechado nenhuma loja, a Preçolândia, que no meio da crise, em 2016, não se abateu e abriu não só as oito lojas previstas, mas inaugurou mais uma, mantém seu planejamento mesmo diante das incertezas do cenário pré e pós-eleitoral. E a perspectiva é uma só: cumprir os objetivos previstos; A meta é atingir 50 lojas em 2019, terminar a transformação omnichannel até 2020, e fechar 2026 com 100 lojas no Brasil.

“Para nós, não afeta muita coisa: se um ou outro ganhar, no dia seguinte a batalha continua: a gente tem que acordar cedo e trabalhar para a empresa seguir em frente”, afirma, mostrando que as lições do pai, Arab Chafic Zakka, fundador e presidente da rede, e membro do Conselho Superior da ACSP, continuam a ser seguidas no dia a dia dos negócios da Preçolândia.

Fundada em 1978 pelo “seu Arab”, como é chamado pelo filhos e funcionários, comerciante de origem libanesa, a primeira loja da rede no bairro da Água Rasa (Zona Leste da capital paulista) ainda funciona no mesmo endereço.

Sem revelar faturamento, a Preçolândia mantém os negócios andando baseada em três estratégias simples, segundo Michel Zakka: negociar bem, não perder oportunidades e manter despesas baixas.

Há três anos, no início da crise, passou a contar com o apoio da Fundação Dom Cabral para profissionalizar mais seu modelo de gestão.

A seguir, Michel, [à dir. na foto que abre essa reportagem], conta um pouco como a família Zakka, que tem o “seu Arab” ativo na presidência e o irmão mais novo, Jean, na direção administrativa, consegue perenizar a eficiência de um negócio que vende “produtos bons com bons preços” há quatro décadas:

A Preçolândia tem 40 anos. Porque a expansão nacional só começou agora? 

A gente já vinha se preparando para essa ação há alguns anos, antes de começar a crise. Tudo o que fazemos é estudado, planejado e abre os caminhos para chegar a um objetivo. Mas veio a tão falada crise. Mesmo assim, decidimos prosseguir porque acreditamos muito no Brasil. Somos uma empresa muito sólida. Só damos um passo maior quando tem certeza de que é o correto, que não vai trazer fragilidade para o negócio.

Começamos nossa expansão primeiro em São Paulo, depois ficamos muito na Grande São Paulo e só então decidimos seguir para o interior. Em um curto espaço de tempo, entramos nas principais cidades e quando resolvemos ir para o Brasil, escolhemos logo uma região, que foi a Nordeste, onde vamos abrir essas cinco lojas.

Tão rápido assim? 

Sim, pois surgiram as oportunidades. Em menos de um ano vamos estar em praticamente toda a região. Só não estamos ainda em dois ou três estados que ainda estamos trabalhando, mas os outros já estão totalmente incorporados à rede. Já começaremos o ano indo para o Centro-Oeste, assinamos com Cuiabá e seguimos negociando com outras cidades. A ideia é fechar essas regiões para depois estudar outras, e fazer uma de cada vez. Não adianta abrir uma loja no Sul, uma no Nordeste e outra no Acre, senão fica uma coisa não administrável.

Qual o faturamento/crescimento da rede previsto para 2018 O cenário eleitoral atrapalha? 

Não divulgamos o faturamento, mas teremos incremento devido às novas lojas. O país ainda não está em momento de crescimento, então a gente investe acreditando que o futuro vai melhorar. Se pensar no presente, do jeito que está, ninguém faz nada; então não olhamos para o hoje, só para o amanhã.

Para nós, (o cenário eleitoral) não afeta muita coisa: se um ou outro ganhar, no dia seguinte a batalha continua: a gente tem que acordar cedo e trabalhar para a empresa seguir em frente.

Como uma empresa chega aos 40 anos sem fechar nenhuma loja?

Fazemos tudo para não fechar. Tem loja que amadurece rápido, mas tem outras que dão mais trabalho, levam cinco, seis, sete, oito anos até amadurecer. Mas a gente batalha muito para fazer ela melhorar, vender bem e aí não fecha.

Seu pai já disse que coloca fornecedor na geladeira para não ter de repassar a alta no preço para o cliente. Como isso funciona? 

É uma coisa que acontece muito em época de alta do dólar: o fornecedor se desespera, começa a querer repassar o aumento da tabela, e a gente começa a segurar a compra. Já comprovamos que isso é o correto, porque passa, um, dois meses e o dólar já começa a ceder. Se a pessoa já repassou a alta, claro que dificilmente ela vai falar “agora vou devolver”; já era. Por isso às vezes a gente deixa um produto faltar ou compra um similar. Esse é um dos segredos de ter preço bom: negociar condições boas.

E a concorrência, como lidar? 

Temos inúmeros concorrentes: Camicado, Zelo, Casas Bahia… Cada um morde um pedaço do nosso negócio. Mas para vender mais barato, a gente procura ter mais agilidade na negociação para conseguir condições boas, e redução de custos para oferecer preço bom.

Falando em custos, até o escritório de vocês tem um modelo que parece bem simples e enxuto. Fale um pouco mais sobre isso. 

É uma das nossas ideias para ter preço baixo. A gente poderia ter escritórios na Paulista, na Berrini, pagando aluguéis altíssimos… E de onde ia sair o dinheiro para isso? Do preço da mercadoria que a gente vende. Então  preferimos manter tudo bem enxuto. Nossa entrega, por exemplo, é feita com frota própria para a Grande São Paulo; se for mais longe, pelos Correios.

E por que? Porque vale a pena. Se eu terceirizar a frota, além de ela pagar os mesmos custos que eu, vai querer o lucro, o resultado para o dono da empresa… Em resumo, tudo que é custo a gente tem que diminuir, pois só assim a gente vai poder ter preço (para o consumidor final).  É assim trabalhamos: negociando muito bem, não perdendo oportunidade de compras e tendo despesas baixas para os custos serem menores.

Você e o seu irmão trabalham com o seu pai desde a época da faculdade (Michel, com 47 anos, tem quase 30 anos de empresa, e Jean, com 41, mais de 23). O que você aprendeu para continuar vendendo mesmo em tempos de crise e incertezas? 

Já fiz de tudo: ajudava o gerente, carregava caixa, ajudava a limpar gôndola… O segredo pra dar certo é o mesmo, e não serve só para o varejo, mas para tudo: é ter cautela, muita força de vontade e trabalhar, trabalhar e trabalhar. As pessoas desanimam, mas a vida é feita de altos e baixos: se ficar chorando quando as coisas não vão bem, a oportunidade passa. Se está difícil, só de ‘birra’ a gente tem que trabalhar mais para fazer dar certo.

FOTOS: Divulgação e Karina Lignelli/Diário do Comércio 

Sobre o autor

Wagner Marcelo

Atua profissionalmente como arquiteto de inovação, gerando e fomentando ecossistemas empreendedores e tecnológicos, tendo como missão o desenvolvimento de negócios disruptivos.

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