Ignorando a volatilidade do mercado financeiro às vésperas das eleições presidenciais no Brasil, a empresa de meios de pagamento Stone estreou nesta quinta-feira, 25, na bolsa americana Nasdaq com alta de 30,6% na ação, cotada a US$ 31,35. A empresa brasileira de maquininhas terminou o dia avaliada em quase US$ 9 bilhões.
A forte demanda pelos papéis – que mobilizou quase 500 investidores institucionais com pedidos de US$ 20 bilhões em ações – levou a companhia a alterar tanto o preço quanto o volume das ações vendidas.
O papel foi fixado em US$ 24, acima da faixa indicativa de preço estabelecida entre US$ 21 e US$23. A Stone vendeu 58 milhões de ações, movimentando US$ 1,4 bilhão em sua oferta pública inicial (IPO, em inglês), acima do US$ 1,1 bilhão esperado. Além disso, há US$ 100 milhões do aporte feito pela chinesa Ant Financial, subsidiária do Alibaba. Por fim, a captação total somou US$ 1,5 bilhão.
A forte alta no primeiro pregão ocorreu mesmo após a companhia ter informado ao mercado, na véspera da estreia na bolsa, sobre um vazamento de dados, item que estava, contudo, contemplado entre os “fatores de risco” no prospecto da oferta. O código-fonte que foi vazado, porém, não continha informações sensíveis do seu negócio, segundo a Stone.
Coordenaram o IPO os bancos Itaú BBA, Credit Suisse, Morgan Stanley, Bank of America Merrill Lynch, Goldman Sachs, JPMorgan, Citigroup e BTG Pactual.
A oferta saiu, de partida, com o empurrão de gigantes do mercado financeiro global, como megainvestidor americano Warren Buffett, a família Warton (dona do Walmart) e o bilionário chinês Jack Ma, criador do Alibaba. Além do acesso mais fácil a esses bolsos, as companhias de tecnologia que decidem pela oferta nos Estados Unidos buscam os investidores dedicados ao setor.
Destino
Os recursos obtidos com o IPO serão usados pela Stone para dar sequência ao seu plano de expansão no Brasil, turbinado com a aquisição da concorrente Elavon, em 2016. Fundada em 2012 por André Street e Eduardo Pontes, a empresa é controlada pela DLP Pagamentos, que no ano passado comprou a fatia do banco Pan (ex-Panamericano) na adquirente por R$ 229 milhões.
Com mais de 200 mil clientes ativos ao final de junho último, a empresa mais que dobrou a sua base em um ano e tem feito concorrência para as gigantes do setor de maquininhas como Cielo, de Bradesco e Banco do Brasil, Rede, do Itaú Unibanco, e GetNet, do Santander.
O mercado de meios de pagamentos eletrônicos no Brasil tem visto a competição esquentar nos últimos anos, em linha com o desejo do Banco Central de tornar o segmento mais disputado no País. Atualmente, há 16 adquirentes atuando no Brasil com registro junto ao órgão regulador.
Mercado
Na mira dessas empresas, está um mercado potencial de 20 milhões de compradores de maquininhas nos próximos cinco anos e R$ 2 trilhões em volume financeiro, conforme estudos de empresas do setor. Para este ano, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) reiterou recentemente sua projeção de alta de 14% a 16% no mercado de cartões ante 2017, quando movimentou R$ 1,36 trilhão.
A Stone seguiu o caminho de outras empresas brasileiras de tecnologia que optaram em abrir capital nos Estados Unidos. Em janeiro, a PagSeguro realizou seu IPO na bolsa de Nova York, a Nyse, em uma oferta de mais de R$ 7 bilhões. Há poucas semanas, a Arco Educação, dona da plataforma SAS Sistema de Ensino e da International School, sistema de ensino bilíngue, também estreou na Nasdaq.
A oferta da empresa de meios de pagamento chegou com otimismo do mercado, já que demonstra que há apetite pelos ativos brasileiros. Apesar do sucesso das ofertas fora das fronteiras brasileiras, o clima no Brasil ainda é de compasso de espera. A bolsa brasileira, a B3, foi palco neste ano de três IPOs – Notredame Intermédica, HapVida e banco Inter, todos no mês de abril. De lá para cá o tom eleitoral ganhou a cena e as ofertas engatilhadas foram colocadas na gaveta. Para depois das eleições, em dezembro, Tivit e BMG tentarão a emissão.
Fonte: Estadão
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