Cultura empreendedora Editorial

“Quando a maré baixa que se vê quem está nadando pelado”

O título é uma frase de Warren Buffet, mas o que quero dizer com isso, no mercado de Venture Capital, é que o dinheiro fácil das rodadas de investimento secou e agora estamos vendo uma correria de startups buscando dinheiro para sustentar o inverno financeiro que chegou.

O ponto é que a régua subiu e aquelas rodadas “relâmpagos” que existiam em fundos e em plataformas de Crowdfunding, já não existem mais. O FOMO destas rodadas acabou e o investidor está muito mais criterioso em decidir qual startup ele irá investir.

Aqui há um ponto muito importante. Fundos conseguem fazer rodadas relâmpagos, pois possuem um time de analistas que conseguem avaliar rapidamente todos os pontos de uma startup. Porém, rodadas relâmpagos de investidores pessoas físicas, certamente eles não sabem o que estão fazendo e estão “comprando” o investimento pela pura emoção.

Investimento e emoção são inversamente proporcionais. Invista com emoção e você terá prejuízo.

Mas voltando ao assunto da escassez de dinheiro. O raciocínio por traz dessa criteriosidade é o pensamento do investidor. Com a Selic em alta, na casa dos 13 % a.a, o investidor que iria aportar R$ 20 mil, R$ 50 mil ou mais em uma startup, começa a perceber que o retorno financeiro em uma aplicação atrelada à essa taxa compensará muito mais, visto que o risco em uma renda fixa é muito baixo.

Uma curiosidade é que, quando a inflação estava baixa, os investidores que possuíam um ticket médio de investimento de R$ 1 mil à R$ 5 mil reais, realizavam aportes mensais, porém como a inflação subiu, estes mesmos investidores já não aportam mais regularmente, pois a mesma quantia pode ser usada para pagar despesas pessoais.

Outro ponto interessante é que, os fundos que estavam na série A, B e C, desceram o degrau para rodadas mais baixas, pois não há mais abundancia de dinheiro, visto que quem está por trás das cotas vendidas pelos fundos, são as pessoas físicas, e como a inflação subiu, o investidor migra para a renda fixa e aporta menos em investimentos mais arriscados.

Empreendedores com a mentalidade de cashburn, startups que mais parecem um playground, aumento de 2 ou 3 vezes no pró-labore depois de captação, etc, serão descartadas rapidamente. Uma coisa que alguns empreendedores não entenderam, é que o dinheiro está sendo investido na startup e não para bancar custos da vida pessoal do empreendedor.

Investir em startups que tinham a estratégia de “cashburn”, bancava o prejuízo com novos aportes e Valuation super inflado, já não existe mais. E te digo que ainda há empreendedores que não mudaram este pensamento, ainda acreditam que o dinheiro está fácil e querem captar rodadas para bancar o prejuízo.

Resumindo, o investidor está muito mais criterioso para abrir a carteira e decidir colocar seu dinheiro suado, e se o empreendedor quiser captar alguma rodada, terá que mostrar valor em sua startup com crescimento de receita, aumento de clientes, busca do breakeven ou mostrar os lucros.

Sobre o autor

Igor Romeiro

Sócio/fundador na Efund Investimentos - plataforma de investimentos em startups. Focamos em ótimas startups e ótimos investidores para potencializar a rentabilidade dos investimentos. Junte-se a nós.

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