Até dezembro do ano passado, a B3 já tinha mais de 460 mil investidores com mais de 56 anos. Isso representa um aumento de 21,7% em nove meses;
Juntos, o grupo dos 56+ é responsável por 54,44% de todo o dinheiro transacionado por investidores pessoas físicas, o que corresponde a R$315,45 bilhões;
Entre os mais velhos, as mulheres representam 31,5% do total de investidores. No recorte geral, elas são apenas 25,97% das pessoas físicas na B3.
A migração das pessoas físicas para a Bolsa, em um cenário de juros historicamente baixos, se intensificou na pandemia de covid-19. Esse movimento atraiu também os investidores mais velhos. Nos primeiros nove meses da pandemia, a Bolsa paulista, a B3, viu um aumento de 21,7% no número de investidores acima dos 56 anos, para um total de 460 mil. Em março, início da pandemia, eles eram 377,9 mil.
Esse público concentra boa parte dos recursos vindos de pessoas físicas na Bolsa. De acordo com os dados disponibilizados pela B3 em dezembro, os investidores na faixa etária de 56 a 65 anos são responsáveis por 20,59% do volume financeiro do segmento, isto é, R$93,18 bilhões. Já os investidores com mais de 66 anos possuem R$153,20 bilhões investidos, cerca de 33,85% do montante total.
O grupo dos 56+ é dono de 54,44% de todo o dinheiro transacionado por investidores pessoas físicas, o que corresponde a R$315,45 bilhões. “É uma população que estava habituada a investir em renda fixa, tinham ali recursos por longos anos nessas aplicações”, explica Luciana Ikedo, CEO da Ikedo Investimentos. “Agora eles também estão em busca de rentabilidade, afinal, não querem deixar o patrimônio acumulado durante toda a vida ser impactado pelos juros negativos”, completa.
Esse foi justamente o caso do professor de química e meio ambiente Ervalino Sousa Matos, 65 anos. O docente começou a investir na B3 no segundo semestre de 2019, antes disso, aplicava apenas em fundos de previdência privada e na famosa poupança, que hoje rende apenas 70% da Selic, ou seja, cerca de 0,11% ao mês.
“Começou a render muito pouco, aí parti para os fundos de ações. Meu objetivo é rentabilizar ao máximo o patrimônio, porque à medida que vou envelhecendo, fica mais difícil de trabalhar”, afirma Matos. “Mas quando veio a pandemia, a Bolsa caiu muito, os fundos se valorizaram bastante, mas eu não saí deles. Depois, quando o mercado foi se recuperando, eu notei que os fundos de ações estavam demorando mais para retomar, aí comecei a fazer homebroker com orientação de assessores. Estou bem”, comenta Matos..
Matos também explica que tem visão de médio e longo prazo para os investimentos e não se abala com oscilações de mercado. “A Bolsa me deu uns sustinhos no ano passado, mas a gente continua. Não sou ansioso”, afirma.
De acordo com Ikedo, as dificuldades promovidas pela pandemia do coronavírus também foram responsáveis por acelerar a busca pela renda variável na população idosa. “Hoje essa faixa etária é ativa e acredito que a restrição de circulação imposta principalmente a esse público funcionou como um estímulo para que esses investidores estudassem e operassem mais”, afirma Ikedo. “No meu escritório, o investidor mais velho tem 94 anos e começou a operar no ano passado”, revela Ikedo.
De acordo com os dados disponibilizados pela Bolsa em dezembro do ano passado, as mulheres representam somente 25,97% dos investidores pessoas físicas na B3. Isto é, dos 3,2 milhões CPFs na Bolsa, pouco mais de 847 mil pertencem ao público feminino.
Entre os 56+, o cenário muda um pouco, dos 460 mil investidores nessa faixa etária, 145 mil são mulheres, cerca de 31,5% do total. Em comparação a março de 2020, início da pandemia, a representatividade avançou alguns pontos dentro desse grupo: antes, elas representavam, 29,96% dos então 377,9 mil investidores com mais de 56 anos na B3.
Se você pensa que idoso é apenas alguém com cabelos brancos, que não tem a menor capacidade de lidar com tecnologia e que não faz nem ideia do que é “day trade”, fique sabendo que quem está definitivamente enganado é você.
Fontes: einvestidor, Isto é dinheiro
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