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Startup Descomplica recebe aporte de R$ 450 milhões

Plataforma criada em 2011 com cursos preparatórios para o Enem e vestibulares hoje oferece pós-graduação e reúne 5 milhões de usuários por mês

A edtech brasileira Descomplica, famosa pelas aulas online para vestibular, atraiu novos investidores de peso. A empresa recebeu um aporte de R$450 milhões em uma única rodada.

Esse cenário ilustra como a educação digital no Brasil vem ganhando a atenção de investidores, após a pandemia da Covid-19 ter acelerado um movimento já em franca expansão.

O investimento, liderado pelo Invus Group e pelo SoftBank, será usado na faculdade Descomplica para aquisições e desenvolvimento de novos produtos, afirmou a empresa em nota.

Em 2018, data do último aporte recebido pela companhia, as entradas de recursos de investidores na empresa somavam US$32,5 milhões.

O Valor Capital Group (que já investia no negócio), a Península Participações e a Chan Zuckerberg Initiative, também participaram da rodada. O The Edge, guitarrista da banda de rock U2, também decidiu entrar na rodada após conhecer Marco Fisbhen, o fundador e presidente do Descomplica, no ano passado.

O aporte, que é considerado o maior já feito em uma startup de educação na América Latina, vai permitir que a empresa invista na Faculdade Descomplica, no desenvolvimento tecnológico e na aquisição de outras empresas.

O Descomplica começou a partir de uma ideia despretensiosa de Fisbhen, um professor de física natural do Rio de Janeiro que queria fazer suas explicações chegarem a alunos do país todo. No começo, em 2010, eram vídeos curtos, focados em estudantes que iam prestar vestibular. Em 2012, após ver o sucesso, o professor decidiu cobrar uma assinatura dos estudantes, em um modelo parecido com o da Netflix. O negócio cresceu e hoje chega a cerca de 5 milhões de alunos mensalmente pela sua plataforma e nas redes sociais.

A empresa deixou de ser somente uma plataforma para ajudar os estudantes a passar no vestibular e se tornou também uma faculdade digital em 2020. Em agosto, com nota máxima no Ministério de Educação, o Descomplica abriu 1.200 vagas para os cursos de pedagogia, administração, contabilidade e gestão de pessoas.

A companhia inaugurou um novo capítulo em sua história, com a Faculdade Descomplica, que traz cursos de graduação e pós-graduação 100% digitais. O braço de ensino superior começou com quatro cursos de graduação no ano passado, serão lançados mais 15 em 2021 e outros 18 em 2022. A pós-graduação já conta com 300 programas e deve chegar a 500 até o final do ano. (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo).

A intenção é aumentar o volume de cursos, sem perder a qualidade. Além disso, o Descomplica deve ampliar sua equipe de professores e profissionais de tecnologia, que já dobrou no ano passado, para 600 pessoas, com a abertura imediata de 100 vagas.

“Não me assustaria se chegássemos a mil colaboradores até o final do ano”, disse Fisbhen.

O Descomplica está de olho em aquisições para 2021 para entrar em mercados de educação em que ainda não atua. A plataforma também avalia aquisições, incluindo de negócios de serviços de tecnologia.

A pandemia impulsionou o uso de ferramentas na educação. Agora, startups do segmento, conhecidas como “edtechs”, começaram a receber investimentos para ampliar suas operações.

Essa foi a quinta rodada de aportes na empresa, a última, de R$54 milhões, havia ocorrido em 2018. Segundo um ranking da empresa de inovação Distrito, essa é a maior cifra já levantada por uma edtech brasileira num investimento de capital privado. O segundo lugar também é da própria Descomplica, com o aporte de três anos atrás.

Só a Arco Educação levantou valor maior (US$194 milhões) entre as startups brasileiras de educação, mas isso ocorreu na oferta inicial de ações, também em 2018.

“Queremos construir a maior faculdade do Brasil, chegando rapidamente a 1 milhão de alunos no modelo 100% digital”, disse Fisbhen.

Atualmente, o maior grupo de ensino superior do país é a Kroton, do grupo Cogna.

O executivo descartou a possibilidade (por ora) de uma abertura de capital, avaliando que os recursos recebidos no aporte devem dar fôlego ao negócio por mais alguns anos.

“Mas é natural que, enquanto a empresa esteja crescendo, daqui a alguns anos ela possa ser listada”, concluiu Fisbhen.

O anúncio mostra como startups de educação estão rapidamente virando alvos de apostas maiores de investidores institucionais, enquanto empresas de ensino tradicionais e listadas na Bovespa têm sofrido com a queda de suas ações, diante do horizonte ainda incerto sobre a volta das aulas presenciais.

A empresa entrou em pós-graduação em 2019, chegando a 30 mil alunos no ano passado, cobrando valores entre R$800 a R$1 mil, pagos em até 12 parcelas.

No primeiro semestre, acumulou mil alunos em cursos de Administração, Ciências Contábeis, Pedagogia e Recursos Humanos. A mensalidade dos cursos de graduação varia entre R$199,90 e R$219,00.

Ao total, a startup conta com 5 milhões de alunos, entre clientes diretos por meio de parcerias para mensalidades subsidiadas por instituições como Claro, Natura e o Governo do Estado de São Paulo.

No mês passado, o faturamento conjunto das startups abrigadas pelo Cubo, hub de inovação do Itaú Unibanco, cresceu 1.500% em 2020, impulsionado por startups de saúde e de educação, entre outras.

A empresa foi considerada uma pioneira da tecnologia pelo Fórum Econômico Mundial no último ano.

O novo investimento do Descomplica começou a ser negociado em setembro de 2020 e foi fechado no começo de 2021. A série E foi oversubscribed, com demanda superior à oferta inicial.

“Foi uma rodada bem competitiva, buscávamos US$30 milhões, mas fechamos em US$84 milhões. 2020 ensinou que é uma boa se capitalizar caso exista liquidez no mercado, porque a situação pode se tornar mais turbulenta do que o imaginado. Agora, estamos fazendo uma revisão em nosso orçamento”, diz Fisbhen.

As metas de crescimento no Descomplica focam nas verticais de graduação e de pós-graduação, ainda que a expectativa para a frente de vestibulares seja grande, após a grande abstenção vista no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) por conta da pandemia.

A Descomplica afirma já ter 80% do mercado de preparação online para o Enem. Na graduação, a edtech espera chegar a 10 mil alunos em 2021. Na pós-graduação, o plano é alcançar 100 mil alunos.

A depender dos resultados vistos durante a pandemia, as universidades online não tem data para término de aulas.

Fontes: Diário do Comércio, CNN Brasil, Baguete, Forbes, Época negócios, Isto é dinheiro, Terra, Infomoney, Exame

 

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