No início de abril, representantes de 44 startups paulistas iniciaram uma jornada, com duração de 12 meses, para transformar suas ideias inovadoras em empresas de sucesso. Eles foram selecionados para o Programa Centelha SP, que visa estimular o empreendedorismo inovador e a disseminação da cultura do empreendedorismo entre jovens.
O programa é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e a Fundação Certi. Em São Paulo, o programa é executado pela FAPESP.
As ideias selecionadas na Fase 1, em abril de 2022, passaram à Fase 2, em junho do mesmo ano, quando foram apresentadas em formato de projeto de empreendimento. O programa inclui capacitação para aprimorar os projetos inovadores, além de suporte e feedback dos avaliadores.
E em agosto, os melhores projetos passaram à Fase 3, de elaboração de projeto de fomento, com avaliação do planejamento físico-financeiro da proposta, considerando uma série de critérios em relação ao desenvolvimento de produtos (bens e/ou serviços) ou processos inovadores.
Os projetos selecionados na Fase 3 do Programa Centelha também são elegíveis para o Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), garantindo a continuidade dos trabalhos.
“O aprendizado que as empresas têm sobre empreendedorismo inovador durante a trajetória no Programa Centelha, em que passam pelas três fases, é mais importante do que a contratação em si dos projetos delas”, disse Marcelo Camargo, superintendente da área de pesquisa aplicada e desenvolvimento tecnológico da Finep, na abertura do primeiro workshop de capacitação do programa, realizado em 5 de abril, na FAPESP.
“A Finep e a FAPESP têm a missão de tentar ampliar a escala do empreendedorismo inovador no Brasil, que é muito importante para um país com tantas desigualdades sociais”, afirmou.
Durante um ano, os representantes das empresas selecionadas receberão suporte técnico para o desenvolvimento de produtos e negócios por meio de capacitações presenciais, mentorias e workshops, ministrados por especialistas da FAPESP, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
Por meio do acordo que mantém com a FAPESP, o Sebrae disponibilizará bolsas complementares para as empresas selecionadas e, por meio de uma parceria com a Abstartups, oferecerá um programa de mentoria para os empreendedores.
“O programa será composto pelo diagnóstico inicial das empresas, acompanhamento e mentorias dos empreendedores com gestores da Abstartups que têm experiência prática de mercado, são fundadores de empresas”, sublinhou Marcos Leite, gestor de programas para deeptechs do Sebrae for Startups.
Diversidade de projetos
Foram submetidas 571 propostas de startups de São Paulo ao programa, de todas as regiões do Estado. Os projetos estão em diferentes estágios de desenvolvimento, abrangendo conceito, protótipo inicial ou finalizado e comercialização pioneira.
A temática das propostas também é bastante diversificada, voltada a áreas como tecnologias sociais (22%), química (22%), inteligência artificial (12%) e biotecnologia (9%).
Alguns dos focos dos projetos aprovados são o desenvolvimento de um biochip implantável para liberação de medicamentos em pets, uma plataforma colaborativa para tradução de conteúdo on-line para a língua de sinais e o “Uber” de máquinas de lavar – um marketplace para fazer ligação entre o cliente final e prestadores individuais de serviços de lavanderia.
“As propostas apresentam mais setores de aplicação do que ideias porque eventualmente uma ideia pode ser aplicada em mais de um setor”, disse Patricia Tedeschi, gerente de Pesquisa para Inovação da FAPESP.
As equipes da maioria das startups selecionadas são compostas por entre quatro e cinco empreendedores, o que é um ponto muito positivo para o sucesso de uma startup de base científica e tecnológica (deeptech), apontou Douglas Zampieri, membro da coordenação adjunta de Pesquisa para Inovação da FAPESP.
“O que temos notado na FAPESP é que as empresas que começam com ‘euquipe’ [uma única pessoa responsável pelo projeto] são as primeiras a deixar o mercado”, afirmou.
Outra razão pela qual as startups perecem, segundo ele, são a falta de recursos financeiros na etapa inicial, de desenvolvimento experimental, em que justamente têm maior necessidade de captação de dinheiro e estão mais frágeis porque ainda não faturam.
“Hoje, graças às parcerias com o Sebrae e a Finep, a FAPESP consegue oferecer uma rede de segurança para as startups em toda a sua jornada, até a produção e comercialização inicial. O aporte de recursos da FAPESP junto com seus parceiros chega a R$ 5 milhões em cinco anos para o lançamento de um produto no mercado”, afirmou.
Fonte: Agência FAPESP
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