De olho no mercado de moda sustentável, a maior fabricante mundial de celulose, formou uma joint venture com a startup finlandesa Spinnova. A parceria visa a construção em escala comercial para produzir uma nova fibra verde feita de nanopartículas de celulose.
A produção da nova unidade, com investimento orçado em 50 milhões de euros (US$60,7 milhões), só chegará ao mercado em 2022. Mas um dos maiores nomes do varejo já está a bordo.
A varejista de roupas sueca Hennes & Mauritz disse que vai se unir ao grupo de marcas de moda escandinavas que participam do desenvolvimento de materiais para se tornarem clientes de fibra verde.
A mudança segue uma tendência global no mundo da moda, onde empresas como Chanel e H&M buscam uma abordagem ecológica para atrair clientes e obter acesso ao mercado de títulos verdes.
A H&M está “testando continuamente e procurando ativamente integrar ainda mais o uso de materiais sustentáveis por meio das marcas do nosso grupo”, disse Mattias Bodin, executivo da área de inovação da H&M, em comunicado.
A entrada da H&M, que opera mais de 5 mil lojas em mais de 70 países, abre caminho para os planos da Suzano de ser um grande player no segmento têxtil. Grande fornecedora global do material usado na fabricação de copos e lenços de papel, a empresa conta com uma equipe de quase uma centena de cientistas que pesquisam aplicações para a celulose além do papel, incluindo aquelas que visam substituir produtos de origem fóssil, como plásticos.
“Não é um nicho de mercado para nós”, disse em entrevista, Vinícius Nonono, diretor de novos negócios da Suzano. “Queremos ser um player relevante. Vamos competir com o algodão com vantagens de sustentabilidade e também com preço”.
Ao contrário da viscose, outra fibra têxtil também feita a partir da madeira, a matéria-prima utilizada pela Spinnova, não usa produtos químicos para processar a celulose. A celulose, fabricada pela Suzano, é refinada mecanicamente até que haja uma divisão em nanopartículas.
“Usamos muito menos água do que o algodão em todo o processo, desde o cultivo do eucalipto até a produção da fibra”, disse Fernando Bertolucci, diretor executivo de tecnologia e inovação da Suzano.
No ano passado, a Suzano teve lucro líquido de R$5,914 bilhões no quarto trimestre, representando um forte salto de 403% ante o resultado positivo de R$1,175 bilhão registrado no mesmo período de 2019. O desempenho foi apoiado por um salto no resultado financeiro positivo da companhia, impulsionado por ganhos cambiais e com derivativos. A linha subiu de R$1,6 bilhão no quarto trimestre de 2019 para R$6,2 bilhões nos três meses encerrados em dezembro passado.
Uma melhora operacional, com queda no custo da produção de celulose, também colaborou com o resultado geral do grupo.
A companhia apurou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização ajustado de R$3,965 bilhões nos três últimos meses do ano passado, crescimento anual de 61%.
A Suzano também estimou investimento de R$4,9 bilhões este ano, dos quais R$4 bilhões serão destinados às operações industriais e florestais do grupo.
A Suzano S.A. é uma empresa de base florestal que atua principalmente com produtos fabricados a partir do plantio do eucalipto.
Parte das operações da companhia são verticalmente integradas. A estratégia da flexibilidade para ajustar a produção e as vendas com base nas mudanças de condições de mercado.
A estrutura da Suzano inclui três fábricas integradas de celulose e papel, sendo duas em São Paulo e uma na Bahia. Ainda possui uma fábrica de papel não-integrada no estado de São Paulo e também uma unidade de produção de celulose no estado do Maranhão, além da FuturaGene de melhoramento genético.
Tanto a unidade de Suzano (SP), quanto de Mucuri (BA) e a Imperatriz (MA), possuem certificação FSC (Forest Stewardship Council).
A Suzano é uma das maiores empresas com estrutura para distribuição de papéis e produtos gráficos da América do Sul. Ela também está presente nos Estados Unidos, Suíça, Argentina e Áustria.
As atividades da Suzano tiveram início em 1924, quando Leon Feffer iniciou atividades de revenda de papéis. Alguns anos após as pesquisas lideradas por Feffer em busca de matéria-prima alternativa ao pinus, a empresa adquiriu uma fábrica em Suzano para realizar testes.
Em 1956, deu início a produção de celulose a partir da fibra de eucalipto, que revolucionou a indústria de celulose no Brasil e no mundo.
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