Comércio Editorial

Crowdshipping, uma forma de entregar para mais gente e mais rápido

Considerada uma etapa de ouro na jornada de compra do e-commerce, a entrega da mercadoria tem peso significativo no momento em que os consumidores avaliam uma empresa. Detalhes, como, o tempo de entrega ou o estado em que o produto é entregue põem em risco a reputação de uma empresa.

Cada vez menos dependentes dos Correios, varejistas buscam alternativas para tornar a entrega de seus produtos mais rápida, eficiente e barata. Neste sentido, um novo formato chama a atenção de quem vende pela internet: o crowdshipping, uma maneira colaborativa de realizar entregas para empresas de qualquer tamanho.

Muito do crescimento de 185% do Mercado Livre, no último ano, foi sustentado nessa proposta. Por conta do isolamento social, imposto pela pandemia do novo coronavírus, a demanda de negócios que vendem on-line aumentou expressivamente.

Um dos atrativos do Mercado Livre é justamente entregar 80% dos pedidos em até dois dias – um feito possível graças ao reforço logístico que a companhia adotou.

A grande rede de entregadores formada no último ano retrata bem o funcionamento de crowdshipping, em que todo o sistema de entrega de produtos comprados remotamente é feito por “pessoas comuns”, muitas vezes cadastradas em aplicativos que oferecem o serviço e usando seus próprios meios de transporte.

Como no Uber, esses motoristas usam o próprio carro para fazer as entregas e arcam com os gastos com combustível, manutenção e seguro. São autônomos trabalhando por conta própria, e literalmente, correndo contra o tempo.

Uma alternativa a tantos desempregados que tiveram de migrar para outro tipo de atividade e viram no serviço de entrega a clientes do Mercado Livre, Magazine Luiza e Casas Bahia uma saída para sobreviver.

Outra característica do crowdshipping resolve uma das tendências mais recentes em operações de entrega final em centros urbanos, tradicionalmente chamadas de last mile delivery.

De acordo com o relatório “The Future of the Last Mile Ecosystem” (em português, “O futuro do Ecossistema da Última Milha”), as entregas de curta distância, de última milha ou de última perna, como costuma ser chamada no Brasil, aumentarão 78% até 2030.

O material revela que a última milha não é apenas a parte mais cara da cadeia de suprimentos, mas também um elemento-chave do mercado de comércio eletrônico, já que cada vez mais os clientes esperam pontualidade nas entregas no mesmo dia e horários estimados para a chegada.

Outra conclusão apontada no relatório é o fato de que a procura e a oferta de opções de entrega cada vez mais rápidas crescerem a um ritmo superior ao das outras opções de entrega tradicionais. Atualmente, as entregas realizadas no mesmo dia ou instantâneas são as que mais crescem, avançando, em média, 36% e 17%, respetivamente.

“A exigência do consumidor pela conveniência das compras on-line e da entrega rápida leva as empresas a correrem para satisfazer essa demanda com opções de entrega cada vez mais sustentáveis“, diz Christoph Wolff, chefe de mobilidade do World Economic Forum.

SURGIMENTO DO CONCEITO

Em um momento em que empresas e especialistas buscam melhorias em suas operações logísticas, sobretudo no que tange ao planejamento de distribuição em grandes centros urbanos, a empresa americana PigeonShip, de Jared Overton, é considerada pioneira nesse quesito. Explorando o conceito desde 2012, a empresa é especializada no serviço de entregas locais.

Tida como a primeira a lançar algo neste formato, a empresa inovou ao propor uma desconsolidação das cargas, já que em vez de estar em um mesmo veículo, como, por exemplo, caminhões ou vans, estavam distribuídas em outros modais comuns com menor capacidade, como carros e bicicletas.

Em geral, com a opção, há menos custos, menor tempo de entrega, mais facilidades em relação às limitações de movimentação de cargas em centros urbanos, menores impactos sociais e ambientais como emissão de poluentes, geração de tráfego e possíveis atrasos.

Nos Estados Unidos, empresas como a Doordash, plataforma on-line de pedidos e entrega de alimentos, Grubhub e Postmates, aplicativos de entrega de refeições engrossam essa lista. Já a Amazon tem sua própria versão de crowdshipping, a Amazon Flex. No Brasil, há a Shippify, Uber Eats e a EuEntrego.

Há pouco mais de dois meses, por meio de sua plataforma, a EuEntrego passou a conectar uma rede de bikers autônomos em bicicletas elétricas alugadas a varejistas que necessitam de entregas rápidas.

O Grupo RD, dono das redes de farmácias DrogaRaia e Drogasil, com mais 2,1 mil lojas em 23 estados brasileiros, apostou na modalidade, iniciando uma operação no bairro de Moema em São Paulo, conectando 12 de suas farmácias ao sistema.

“Dessa forma, a parceria viabilizará uma estratégia alternativa à utilização de motos em grandes cidades, além de contribuir com o meio ambiente já que o modal é sustentável, com emissão zero de carbono” comenta Flavio Correia, Diretor de Omnichannel & e-Commerce da RD.

O funcionamento é bem simples: a pessoa interessada em fazer entregas se cadastra na plataforma e consegue alugar uma bicicleta elétrica a um preço vantajoso. Depois disso, a EuEntrego conecta o entregador às demandas dos varejistas.

Por mês, um biker profissional cadastrado pela EuEntrego pode ter ganhos de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil.

“O entregador consegue levar as encomendas em sua região com um meio de transporte limpo e saudável, enquanto o varejista encontra uma solução simples e barata para agilizar entregas de seus produtos em sua própria região, trazendo mais conveniência aos seus consumidores”, comenta Vinicius Pessin, CEO da Eu Entrego.

Fonte: Diário do Comércio

Sobre o autor

Wagner Marcelo

Atua profissionalmente como arquiteto de inovação, gerando e fomentando ecossistemas empreendedores e tecnológicos, tendo como missão o desenvolvimento de negócios disruptivos.

Adicionar comentário

Clique aqui para comentar

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.