Acredito que, seja bem óbvio, o tema desse pequeno artigo para a grande maioria das pessoas.
Sendo obvio ou não, vale a pena reforçar a importância da colaboração entre empresas e grupos.
A grande maioria das pessoas encara qualquer pessoa que esteja desenvolvendo alguma iniciativa semelhante a sua como potencial concorrente.
Em um primeiro momento, é até compreensível, mas, em um segundo momento, onde o seu cérebro já teve um tempo suficiente para processar todo o cenário de forma racional, é fundamental mudar essa visão onde todos são seus concorrentes. Mesmo que fossem, é necessário ter maturidade para encontrar pontos de conexões para o fortalecimento de laços de forma que as iniciativas possam se complementar.
Com base nesses laços, ambas as iniciativas podem se fortalecer. Caso alguma esteja passando por dificuldades, ela poderá ser absorvida pela sua “concorrente”, que pode contratar o time e dar uma sobrevida ao projeto ou empresa.
Para que essa absorção seja possível, é necessário que ambas se conheçam, pois assim, a iniciativa que deu certo saberá se a que falhou conta com pessoas de bom caráter ou não.
Em minhas visitas às empresas e interagindo com os participantes dos EJE’s – Encontros de Jovens Empreendedores, vejo que essa postura sugerida é um grande desafio, pois é necessário ter muita humildade para reconhecer o trabalho alheio. Existe a tendência de se olhar com desdém outras iniciativa atuando em nosso setor. Mais desdém ainda se elas copiam algumas práticas que já utilizamos.
É interessante observar que, quando descobrimos boas práticas alheias, queremos implementá-las de forma imediata em nosso cotidiano. Mas quando um concorrente vê valor em alguma prática da nossa empresa, temos a percepção de que “Estão nos copiando!”.
Se suas práticas ou ideias forem boas, é obvio que as pessoas tentarão copiar. Afinal de contas, o ser humano evolui dessa forma, copiando atitudes daqueles em que se espelham, que se alinham com seus valores e que se tem profunda admiração.
Sei que mudar um mindset é muito difícil. Para ilustrar o quão difícil é essa mudança, vou utilizar uma experiência própria: um dia desses, em um grupo de empreendedores, fui divulgar um post onde convidava os participantes do grupo para conhecerem as ações que desenvolvemos juntos aos empreendedores (apoio de forma gratuita, por meio de troca de experiências em nossos EJE’s, além do link com os principais fundos de investimento que atuam no país). Aí, eu pergunto a você: o que você acha que aconteceu?
Bem, fui surpreendido com o contato de um dos administradores do grupo. Ele me informou que, para liberar minha postagem, eu deveria retirar a citação de outro grupo de apoio a empreendedores e que poderia apenas manter o link com os fundos de investimento.
Com toda a paciência do mundo, expliquei que estava divulgando um grupo que tinha como foco o apoio a empreendedores por meio da realização de encontros presenciais. Citei que já tínhamos passado por mais de 48 instituições de ensino superior realizando mais de 125 encontros, todos gratuitos.
A pessoa, em questão, disse que eu estava fazendo publicidade. Então a questionei sobre o regulamento do grupo, pois eu não estava tentando vender nenhum produto ou serviço. Mas a ela manteve a sua postura.
Para finalizar o contato, informei que o objetivo de ambos os grupos era o apoio ao empreendedor e que eu esperava que, em um futuro breve, ambas as iniciativas pudessem somar os esforços.
Somente para fins explicativos, estou a falar de uma comunidade com 34 mil membros e 6 moderadores. Hoje administramos comunidades com mais de 280 mil usuários. Uma das Startups apoiadas pelo programa de pré-aceleração que desenvolvemos possuí mais de 4 milhões de seguidores. Temos uma mídia própria com foco em notícias de negócios com mais de 52 mil seguidores. Enfim, não encaro isso apenas como números. Não é uma questão de quem é maior, pois esses números representam pessoas.
Quando estamos realizando a divulgação de algum evento nosso, fazemos em grupos com menos de 1.000 pessoas, pois, como disse, esses grupos não são formados por números, mas sim por pessoas.
Tento sempre ilustrar nossos números fazendo um comparativo com a quantidade de estádios que podemos lotar, pois isso me dá uma visão do tamanho do impacto que nossas iniciativas possuem e isso me provoca um senso de responsabilidade grande.
Hoje, temos um mailing com mais de 1 milhão de email’s, o que gera um grande problema. Estamos sempre migrando de solução para conseguir alcançar o maior número de pessoas utilizando servidores com uma boa relação custo/benefício.
Enfim, citei esse exemplo, pois se em grupos de apoio ao empreendedor, que são sem fins lucrativos, já existe esse tipo de mindset enraizado, de olhar todos como concorrentes, agora imagina a problemática de se mudar o mindset nas empresas.
A questão por trás desse tipo de atitude não é apenas motivada por uma suposta “concorrência” monetária de quem fatura mais ou de quem é o maior e melhor. É uma questão de constante autoafirmação, da necessidade de mostrar aos outros sua importância no mundo.
Vejo premiações sendo criadas para que grupos ganhem o selo da comunidade mais engajada, do melhor mentor, do melhor evento. Óbvio que não existe problema algum quando as premiações criadas são pontuadas por uma equipe experiente ou são embasadas em resultados reais. Mas, ao contrário disso, vemos pessoas pedindo votos nas redes sociais de forma desesperada para ganharem tais títulos. Elas se esquecem que essas premiações possuem também um outro objetivo: a divulgação das marcas envolvidas que criaram a tal premiação. Não se dão conta que seu EGO está sendo manipulado. Não é o melhor projeto que de fato irá ganhar, pois ele pode ser uma bosta, mas se a pessoa sair persuadindo os amiguinhos nas redes sociais, elas podem ganhar facilmente.
Talvez fosse o momento de se criar uma categoria específica para esse tipo de premiação: o projeto com maior engajamento virtual. Claro que, para o EGO ser massageado, alguns passariam a usar bots para ganharem curtidinhas nas redes e serem premiados.
São incontáveis as vezes que me pedem para incluirmos nossas iniciativas em tais premiações. Mas posso garantir que nunca irei fazer parte disso. Não tenho a necessidade de ter o meu EGO massageado por bajulações, afinal de contas, o que importa são os resultados e eles se baseiam em números e podem ser atingidos de forma colaborativa.
Enfim, tem uma frase interessante que divulgamos a algum tempo atrás na Cultura Empreendedora:
Se não pode unir a eles, vença-os!
Excelente artigo, Wagner! Faz total sentido criar redes de relacionamentos para acelerar o processo empreendedor e pessoal, também. Afinal, somos gente lidando com gente, criando coisas… hehehe