A partir do ano que vem, a Bolívia passará a ser membro pleno do MERCOSUR, aumentando assim as oportunidades de negócios para empresas brasileiras naquele mercado emergente. A economia boliviana foi uma das que mais cresceu na América do Sul nos últimos 20 anos. Contudo, para poder aproveitar essas oportunidades, é preciso conhecer melhor o mercado boliviano e suas potencialidades. Uma das vertentes pouco exploradas é o seu ecossistema de inovação.
Desde 2019, a Fundação Empreender Futuro, organização não-governamental boliviana que tem por objetivo promover, fortalecer e executar atividades de desenvolvimento nas áreas das tecnologias da informação e comunicação, empreendimento e inovação, elabora um mapeamento anual do ecossistema de tecnologia digital naquele país (https://emprenderfuturo.org/programas/mapeo-del-ecosistema-de-tecnologia-digital-en-bolivia).
Segundo esses estudos, em 2019, haviam na Bolívia 159 startups de tecnologia, concentradas basicamente nas cidades de La Paz (46%), Santa Cruz (39%) e Cochabamba (11%). Estavam concentradas basicamente nas áreas de soluções de TI e fintechs. 27 universidades públicas ou privadas ofereciam cursos orientados para o desenvolvimento de tecnologias digitais. Haviam três incubadoras e quatro aceleradoras de startups, mas nenhum investidor formal. Eram seis as instituições governamentais e nove privadas apoiando o desenvolvimento tecnológico digital naquele país.
Em 2023, passada a crise da pandemia do COVID-19, o quadro se apresenta da seguinte maneira: pequena redução do número de startups, para 142, causada pela crise, mas igualmente em razão de fusões e aquisições no setor, agora concentradas nas áreas de serviços financeiros, comércio eletrônico e plataformas de educação digital; Santa Cruz passou a concentrar o maior número de novas empresas (44%), ultrapassando a capital La Paz (33%), com Cochabamba aumentando também a sua participação (15%); 25 instituições de ensino superior oferecem cursos ou dispõem de laboratórios digitais; as incubadoras chegaram a oito, as aceleradoras de startups se mantiveram em quatro, mas houve o surgimento de 5 investidores formais; e, por fim, as instituições governamentais e privadas de apoio ao desenvolvimento tecnológico digital chegam agora a 33.
Vale dizer, que houve uma consolidação do setor, com um fortalecimento das instituições de apoio e das estruturas de financiamento de startups na Bolívia nesse período.
Igualmente, Santa Cruz consolidou-se como o pólo dinâmico de inovação digital deste país, concentrando hoje o maior número de startups, incubadoras, espaços de co-work e centros de pesquisa e inovação, como o FabLab da Universidade Franz Tamayo –
UNIFRANZ. Fundos de investimento também possuem sede naquela cidade, como a Ria Ventures, que promove a criação de startups para o mercado latino-americano e cujo CEO é brasileiro.É digno de nota também o crescimento de novas empresas de tecnologia em Cochabamba, dentre as quais cabe ressaltar a Quantum, que produz veículos elétricos e baterias (www.tuquantum.com)
Um dos setores que podem atrair maior interesse das empresas brasileiras na Bolívia é o de agritechs. A área de serviços para o setor agropecuária já está razoavelmente desenvolvida, com empresas como a Hola Tractor, S.O.S. Agro e Vaka. De toda maneira, com o grande dinamismo do agronegócio em Santa Cruz, há ainda excelentes oportunidades de negócio para a internacionalização de startups brasileiras desse setor, com o potencial de utilizarem a Bolívia como hub para alcançar o mercado andino.
Para conhecer melhor esse ecossistema, o Consulado-Geral do Brasil em Santa Cruz, decidiu organizar entre os dias 7 e 9 de maio de 2024 a primeira Semana de Inovação Brasil-Bolívia. O evento conta com o apoio de instituições locais, como a Universidade Tecnológica Privada de Santa Cruz (UTEPSA), a Câmara de Comércio e Indústria de Santa Cruz (CAINCO), a Fundação Empreender Futuro, e a Fundação Solydes e sua Aceleradora, bem como de instituições brasileiras, como a Associação Brasileira de Startups de Logística.
Serão três dias de interação entre empresas e instituições brasileiras e bolivianas ligadas à tecnologia digital. O evento contará com um dia inicial de visitas técnicas aos espaços de co-work do Manzana 40 e do Banco Mercantil Santa Cruz, que hospedam um grande número de startups como a Mobi (https://mobi.lat), ao CIEN (Centro e Incubadora de Emprendimientos y Negocios) e ao FabLab da UNIFRANZ, bem como ao Centro de Dados da empresa de telecomunicações Tigo Bolívia.
No dia 8, será realizado no auditório principal da UTEPSA, com live streaming, o foro de inovação, com a participação de CEOs de empresas e de empresas de venture capital, de presidentes de instituições de fomento da inovação brasileiros e bolivianos. No dia seguinte, está prevista a realização de rodadas de negócios a serem organizadas pela CAINCO, em conjunto com outras instituições locais.
Maiores informações sobre o evento podem ser obtidas junto ao Setor de Promoção Comercial do Consulado-Geral pelo seguinte e-mail [email protected].
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