Uma ano e meio depois de comprar a brasileira Easy Taxi e atuar com negócios distintos, a espanhola Cabify anunciou nesta quarta-feira a integração das equipes e das operações das duas companhias. As marcas continuarão a existir de forma separada – a Easy mantendo o foco em táxis e a Cabify nos carros particulares.
“Elas atendem necessidades distintas dos usuários”, disse o presidente e cofundador da Cabify, Vicente Pascual, em evento com jornalistas.
Com a integração, Jorge Pilo, que comandava os negócios da Easy nos nove países em que a companhia atua, assumiu o comando das operações apenas no Brasil. Assim como os executivos que estão à frente das outras dez operações da empresas, ele vai se reportar diretamente a Pascual.
Criada em 2011, a Cabify adotou a estratégia de concentrar a atuação na América Latina e na Península Ibérica. Com a compra da Easy em 2017, se organizou sob um formato de holding, com uma companhia batizada de Maxi Mobility passando a controlar as empresas Easy e Cabify.
Desde lá, a Maxi fez uma parceria com a Voom, de helicópteros, e investiu no aplicativo de entregas Glovo. No fim do ano passado, comprou a Movo, uma startup de compartilhamento de motos e patinetes da Espanha. O objetivo é criar um grupo especializado em diferentes modalidades de transporte.
Mesmo mantendo marcas distintas, a empresa tem inserido as diferentes opções de transporte no aplicativo do Cabify. Em dezembro, um teste com a modalidade de taxis começou a ser feito.
Questionado sobre o crescimento do mercado de patinetes e a possibilidade de chegada da Movo ao Brasil, Pilo disse que não há previsão pelo menos para o primeiro semestre de 2019. “O Brasil é um mercado interessante, mas muito complexo. Temos que entrar no momento certo”, disse. De acordo com ele, o próximo passo será a chegada ao México com patinetes nos próximos meses.
Pilo afirmou que a competição no Brasil, hoje, está em nível “irracional” por conta dos investimentos feitos pelo Uber e principalmente pela chinesa DiDi, dona do 99, para ganhar mercado. De acordo com ele, a Cabify não pretende entrar nessa disputa. “Não vamos brigar por preço. Nosso foco é na qualidade de serviço, construção de marca e gestão financeira.
Vamos esperar o mercado ficar racional de novo para voltar a fazer esse tipo de investimento.” O executivo disse não saber precisar por quanto tempo esse cenário pode durar. “Na China foram dois anos. E há pressão de IPO (o Uber já pediu registro de companhia aberta nos EUA)”, disse.
Segundo ele, a expectativa é ampliar a presença da Cabify no país para além das sete cidades atuais a partir do segundo semestre. Em relação à Easy, não há planos de ir além das 58 cidades já atendidas.
Em 2017, o cofundador da Cabify e atual presidente da Maxi Mobility, Juan de Antonio, disse ao Valor que o Brasil era a maior operação da companhia. Segundo Pilo, o país já não ocupa mais essa posição por conta do crescimento da companhia na Espanha (onde o tíquete médio por passageiro também é maior). Hoje, Espanha, Brasil e México se revezam nas três primeiras posições.
Em 2018, o número de viagens realizadas na Espanha cresceu 116%, segundo a companhia. No México, o avanço foi de 48%. No Brasil, a receita líquida da companhia cresceu 60 pontos percentuais. Ao todo, os aplicativos Cabify e Easy tiveram 73 milhões de downloads.
Fonte: Valor.
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