*Por Eduardo Calbucci
Uma das grandes reclamações dos estudantes é a de que muitos conteúdos programáticos aprendidos na escola não fazem sentido na vida real. Claro que há uma razão para que a fórmula de Báskara e as funções de segundo grau apareçam nos livros didáticos. Além de auxiliar a desenvolver o raciocínio, elas são, sim, usadas no dia a dia por certos profissionais, como engenheiros, por exemplo.
Fato é que, a depender da escolha profissional, o aluno certamente irá esquecer boa parte do que aprendeu na escola. O que nunca o abandonará são os valores transmitidos naquele ambiente. Por isso, o desenvolvimento da aprendizagem socioemocional durante os anos de formação tem um impacto gigantesco na formação do indivíduo.
As instituições de ensino devem caminhar cada vez mais para equilibrar seus projetos pedagógicos. A escola precisa entender que deve haver um equilíbrio entre as habilidades cognitivas, ou seja, os conteúdos tradicionais, e as habilidades socioemocionais.
Afinal, todas as escolas já trabalham, em maior ou menor grau, com questões sociais e emocionais com os alunos. É impossível não fazê-lo. Ocorre que na maioria dos casos o processo se dá de forma individualizada, não estruturada e, muitas vezes, sem objetivos claros. Sem um método a ser seguido, o aprendizado sai prejudicado. Programas estruturados que ensinem os estudantes a lidar com as próprias emoções costumam ser mais eficazes que iniciativas isoladas dos professores.
Um tema que tem pautado veículos de comunicação e despertado a curiosidades de professores e gestores é a chamada escola do futuro. Em um primeiro momento, é comum relacionar o assunto à tecnologia, como aulas de robótica e desenvolvimento de softwares. Mas a tecnologia é um meio, e não um fim.
Na escola do futuro os jovens serão avaliados por questões como convivência, empatia, decisões e controle das emoções. Essas habilidades são importantes para qualquer pessoa, seja criança, jovem ou adulto, tornando seu ensino imprescindível para a melhoria da sociedade. Hoje temos provas científicas de que é possível ensinar esses domínios às pessoas – e quanto mais cedo começamos, mais duradouros serão os benefícios.
*Eduardo Calbucci é professor e um dos criadores do Programa Semente, metodologia que desenvolve a aprendizagem socioemocional em escolas brasileiras
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