Depois que escrevi o que seria a 1ª parte do artigo “Quando a maré baixa que se vê quem está nadando pelado” neste link, recebi muitos comentários e diferentes visões sobre o cenário atual e achei legal falar do outro lado da moeda, agora do empreendedor.
Como o dinheiro estava abundante anos atrás, adotar a estratégia de crescimento a qualquer custo era factível, pois os investidores sabiam que no futuro próximo haveria mais dinheiro para novas rodadas. O ponto é que a conta chegou e agora é preciso olhar para a lucratividade, pois como não há mais dinheiro fácil, a startup terá que pagar as próprias contas com a receita gerada.
Era comum ver startups crescendo 40% a 70% em um ano com prejuízo e demorando até 7 anos para atingirem o breakeven. Porém agora, os investidores querem ouvir “lucro”, “breakeven”, “redução no CAC”, “eficiência operacional”, etc;
Uma dica para o investidor, olhe para o crescimento financeiro, base de clientes mensal e anual, veja o CAC e LTV ao longo do tempo. Se um empreendedor te mostrar um CAC muito baixo, então peça para ver como foi ao longo da vida da startup. Pergunte sobre a estratégia de crescimento de cliente. Como ele faz para conseguir mais clientes baixando os custos? Isso te dará uma noção sobre o empreendedor.
Se você quer saber como filtrar 90% dos pitch’s que analisa, basta perguntar para o empreendedor “O que você fará se o dinheiro acabar antes da hora planejada?”. Se ele responder “faremos uma outra rodada”, então vc já sabe que a solução na cabeça dele é vender o equity e não encontrar um modo sustentável de manter o negócio.
Aqui na Efund Investimentos, casamos de reprovar startups que o empreendedor planejava aumentava 2 ou 3 vezes o pró-labore dos sócios depois da captação ou então achava que equity existe para ser vendido quando o dinheiro acaba.
Importante ressaltar, que dinheiro ainda têm, mas ele está mais seletivo. O Brasil ainda é um celeiro de ótimas startups, pois os inúmeros problemas que há no país, força os empreendedores a buscarem e encontrarem soluções que resolva um grande problema. Só o site ReclameAqui recebe em média 40 a 45 mil reclamações diariamente. Se isso não for motivo suficiente para empreender e encontrar uma solução para estes problemas, então não sei qual motivo será.
Quer empreender, então saiba que é um mundo difícil, cheio de problema, solidão, muito trabalho e pouco reconhecimento até que você atinja um certo nível. Quem era Oliver Velez, CEO do Nubank, quando a startup tinha 1 ano de vida? Provavelmente, mais um doido querendo brigar com o mercado financeiro e a burocracia brasileira. Porém, quem ele é hoje?
Para as startups que querem buscar rodadas de investimento aqui na Efund Investimento com nossos investidores, sempre precisam nos responder “Por que você quer empreender, se este mundo é tão difícil, ruim, desafiador e complicado?”. Aqui olhamos desde o perfil do empreendedor, solução, problema, crescimento, gastos, plano de investimento, etc; para saber se todo o grupo se complementa.
Além das métricas relativas à startup, como o CAC, LTV, tamanho de mercado, etc, o investidor precisa olha um ponto crucial que muitas vezes é deixado de lado, ainda mais nas rodadas relâmpagos onde o investidor não tem nem a oportunidade de conversar com os fundadores, que é o compromisso do empreendedor com a startup. Qual a motivação dele em tocar essa startup dia após dia?
Esse é um ponto crucial, pois se tudo der errado, ele largará a startup e você, investidor, perderá todo o dinheiro investido e não terá nada a reclamar, pois é um investimento de risco e no seu contrato informa que a perda da totalidade do investimento pode ser real.
Então para você investir, é preciso olhar uma série de variáveis para não perder seu dinheiro. Se o risco é alto, então diminua o risco diversificando em outros investimentos e aportando menos capital.
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