Nunca se empreendeu tanto no Brasil na faixa madura, pelas mais variadas razões. Segundo dados da Receita Federal, apenas no passado foram abertas 2,6 milhões de novas empresas no País – número 14% maior do que o registrado no ano anterior. Entre essas, diversas têm à frente um empreendedor sênior.
O levantamento mais recente do Sebrae sobre empreendedorismo sênior (Empreendedorismo na Terceira Idade) mostra que a atividade está em franca expansão nesse segmento etário. Realizada em âmbito nacional, a pesquisa apontou um crescimento de 57% na faixa de empresários com idade entre 50 e 59 anos, seguida pelo grupo acima dos 60 anos – aliás, foi nessa etapa da vida que a tendência de empreender cresceu mais no Brasil nos últimos 13 anos. E ainda: 48,5% dessas empresas têm uma mulher na liderança, mostrando que o sexo feminino está praticamente emparelhado quando o assunto é empreendedorismo na faixa madura.
“Há quem escolha sair de um bom emprego para ter seu próprio negócio”, diz Mauricio Turra, sócio da NEXTT49+, hub de inovação voltada para o mercado 49+, que tem por trás, ainda, Luiz Fernando Dabul Garcia e Ismael Rocha. “Para quem já está estabilizado financeiramente, a ideia de empreender, aliada à possibilidade de se lançar a alguns projetos pessoais, é extremamente sedutora”, conta.
A maioria das pessoas, no entanto, segundo Turra, retarda a decisão de abrir um negócio estando empregada. Em geral, o empreendedorismo costuma acontecer com mais frequência na aposentadoria ou nos casos em que o profissional, já fora do mercado, encontra dificuldade de se recolocar. “A estes casos damos o nome de empreendedorismo por necessidade”, explica.
Mais um dado: o número de donos de negócio com até 29 anos no Brasil entre 2001-2001 decresceu em termos absolutos, passando de 4 milhões para 3,5 milhões, o que corresponde a um índice negativo de 12,5%. Entre o grupo acima de 50 anos, aumentou de 5,8 para 7,8.
Um outro estudo, feito pela Fundação Kauffman, aponta que as possibilidades de empreender tendo a tecnologia como aliada é outro fator que anima o público mais velho, ao contrário do que se imagina. Pesquisa realizada recentemente com cerca de 650 CEOs e líderes de desenvolvimento de produtos nos EUA mostra, que, mesmo na área da tecnologia, havia o dobro de empreendedores com mais de 50 anos do que no grupo de pessoas mais jovens (com menos de 25 anos).
Outra análise da mesma fundação apontou que, nos últimos dez anos, uma em cada três empresas nos Estados Unidos foi iniciada por um empreendedor com 50 anos ou mais. “O fato é que empresas criadas por pessoas mais velhas possuem maior taxa de crescimento e menor risco que uma empresa criada por pessoa mais jovem”, explica Turra.
Em 2025, a porcentagem de pessoas acima de 50 anos deve chegar a 27%
Vale ressaltar que muitos funcionários de grandes empresas, quando chegam ao topo de carreira, são dispensados. Assim, nessa fase, alguns optam por mudar de vida completamente. Aqueles que decidem empreender utilizam o conhecimento e a experiência adquiridos para dar início a uma jornada com mais desafios. Trata-se de um contingente de pessoas saudáveis, que, diferentemente das gerações passadas, vêm sendo educadas para um envelhecimento ativo. Bem informados, sabem que uma longevidade com saúde – tanto física como mental – é conquistada também com maior interação social, trabalhando e produzindo.
“É fato que a longevidade do brasileiro tem crescido de forma vertiginosa nas últimas décadas e que as pessoas nessa faixa etária, em pleno vigor físico e psicológico, sentem-se muito jovens para abandonar o mercado de trabalho”, diz Garcia.
Hoje, o País tem 54 milhões de pessoas com 50 anos ou mais. “E esse número só irá aumentar, seguindo tendência internacional, devendo chegar a mais de 90 milhões em 2045. “Ou seja: quem está com 50 anos hoje, provavelmente está na ativa profissionalmente desde os 20 a 25 anos e com a perspectiva de estender esse tempo de trabalho até os 75 anos. Então, na faixa dos 49+, essa pessoa está entrando na segunda metade de sua vida profissional”, completa Garcia.
De acordo com a equipe da NEXTT 49+, há um mercado muito grande, ainda a ser explorado, para gente nessa etapa da vida – um grupo que equivale a 23% da população brasileira atualmente, mas que já demonstra um crescimento exponencial. Em 2025, a porcentagem de pessoas acima de 50 anos deve chegar a 27%. “Poucas empresas têm dado a merecida atenção para esses números”, alerta Turra.
Uma outra questão é que, embora estejamos vivendo mais, não necessariamente estamos vivendo melhor. Para Turra, essa informação pode ser aproveitada para atender às demandas dos “novos” velhos. “Quais são os negócios que podem ser criados para melhorar a qualidade de vida na longevidade? Esse é, certamente, um mercado bastante promissor”.
Fonte: Comunicação NEXTT 49+
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