Com o aumento significativo da expectativa de vida e a mudança na composição e atividades das famílias, ficou muito difícil ter um familiar dedicado para cuidar do avô ou avó. Cuidadores profissionais e residenciais geriátricos muitas vezes não são uma opção viável: ou porque os idosos não aceitam, ou porque a família não tem condições de arcar com os custos de um serviço 24 horas, sete dias por semana.
Outra verdade é que os idosos estão cada vez mais autônomos e, não raro, alguém de 90 anos é totalmente ativo e independente. Mas isso não elimina a preocupação dos filhos e netos com esta pessoa no caso deles precisarem chamar ajuda. E, um telefone sem fio ou celular nem sempre vai estar na mão, no caso de uma queda ou emergência médica, por exemplo.
Por isso, a Tecnosenior resolveu investir no desenvolvimento de dispositivos IoT para monitorar situações de emergência e criar um plataforma que pudesse gerenciar este dispositivos e chamar ajuda em caso de necessidade. A ideia do projeto surgiu quando o CEO Gilson Esteves estava nos Estados Unidos com mais dois amigos americanos e observou que este tipo de serviço é muito utilizado em terras norte americanas e na Europa. Apesar de ser engenheiro e trabalhar na área de tecnologia, o empreendedor foi sócio durante muitos anos de um Residencial Geriátrico em Porto Alegre, o que o fez enxergar essa brecha no mercado brasileiro. Isso deu conhecimento das necessidades e problemas das famílias com idosos, originando a startup.
Após o desenvolvimento da ideia, surgiu a Contactto.care, uma plataforma cloud que utiliza o IoT Watson da IBM para receber dados de dispositivos fixos, instalados na casa do idoso, ou móveis que utilizam GPS para quando o idoso está na rua. Essa inteligência artificial pode analisar dados e tomar uma decisão, como por exemplo: Dona Ligia saiu de casa para ir até a aula de pintura que acontece todas as quartas-feiras, mas já passou uma hora e ela ainda não chegou no atelier. Vou enviar um SMS para a filha com a posição atual da dona Ligia para ela verificar se ocorreu algum imprevisto.
“Continuar morando em suas casas é o grande desejo da maioria dos idosos. Nossos clientes são os filhos e netos, que ficam preocupados com eles. Nosso sistema permite que os familiares cuidem dos idosos mesmo quando eles não podem ficar todo o tempo em contato. Isso impacta de forma financeira, uma vez que a família pode retardar a contratação de cuidadores, ou contratar cuidadores de meio turno. Mas o mais importante é peace of mind dos familiares”, comenta o CEO.
O sistema funciona através de sensores instalados em casa, que podem alertar para quedas, fumaça, gás carbônico, temperatura elevadas ou muito baixa, inundação, abertura de portas, falta de energia elétrica, e muitas outras situações de perigo. Os diversos eventos podem ser classificados por seu risco de acordo com a prioridade.
“Nossa meta é ajudar mais de 10 mil famílias no Brasil a curto e médio prazo. Isso vai depender muito de conseguir divulgar este tipo de serviço. Países muito menores que o Brasil possuem milhões de usuários deste sistema. Temos projetos para implantação do nosso sistema para 10 mil usuários em países muito pequenos, com população de 2 milhões de usuários. Queremos ajudar 100 mil famílias em todo o mundo”, ressalta Esteves.
O CEO costuma dizer que a plataforma é a “uberização” do cuidador de idosos. O sistema permite que o usuário atenda a uma emergência se comunicando por voz com quem está chamando, sem utilizar uma superestrutura de TI (como é feito até hoje). Para ser um cuidador basta ter um computador conectado na internet, podendo estar em qualquer lugar do mundo. O recurso pode ser utilizado por um familiar ou um profissional pago para isso. Além disso, é possível filtrar o tipo de emergência recebida e determinar quem vai receber o aviso (que este pode ser por e-mail, SMS, push notification etc.). Nesta lógica, diversas pessoas podem receber avisos ao mesmo tempo através de diferentes canais de comunicação. A solução ainda permite que se criem comunidades de cuidados com idosos. Por exemplo: imagine um condomínio de casas ou apartamentos onde morem muitos idosos. O condomínio poderia oferecer aos moradores o sistema que seria atendido pela portaria.
“O Brasil é um dos países que envelhece mais rapidamente no mundo. A longevidade aumenta e a composição familiar muda. Os filhos, que são em número cada vez maior, estão se mudando em busca de oportunidades em outros estados ou países. Vejo que qualquer tecnologia que possa ajudar os filhos e os idosos a envelhecerem com mais tranquilidade tem uma grande oportunidade no Brasil”, completa o CEO.
Em casos de risco, definido como alta prioridade, o sistema desenvolvido pela Tecnosenior permite a comunicação por viva voz com o usuário para verificar o que está ocorrendo. O sistema conecta por VoIP com um atendente 24h.
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