A rede de farmácias Raia Drogasil ficará com as 50 lojas da Onofre, controlada pela CVS Health, sem precisar fazer qualquer desembolso financeiro. A operação, que precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), marca a saída da gigante americana do Brasil, mercado em que atuava desde 2013 quando pagou R$ 680 milhões pela Onofre.
—Uma questão de oportunidade nos levou a fazer essa operação, mas também tem uma lógica estratégica para o comércio eletrônico. A compra vai permitir que a gente acelere a nossa estratégia digital— disse Eugênio De Zagottis, diretor de relações com investidores durante teleconferência com analistas.
As ações da Raia Drogasil fecharam cotadas a R$ 65,49, uma alta de 7,47%.
Pelo acordo firmado, a Raia Drogasil irá assumir a nova empresa de “porteira fechada’, ou seja, com todos os ativos e passivos fiscais. No entanto, pelo acordo firmado, fica de fora desse pacote o resultado de uma arbitragem que está em curso entre a CVS e os antigos donos da Onofre, a família Arede. Os americanos alegam que precisaram assumir passivos trabalhistas que teriam sido omitidos ou não estimados pelos antigos controladores. Independente do resultado dessa disputa, a Raia Drogasil não será afetada.
Das 50 lojas da Onofre, 47 estão no estado de São Paulo, além de duas no Rio e uma em Minas Gerais. O faturamento da rede no ano passado foi de aproximadamente R$ 480 milhões, mas ainda assim a operação não era lucrativa. Uma fatia de 45% da receita vinha do comércio eletrônico.
Na avaliação de Philipe Aguiar, economista da Ativa Investimentos, é essa forte participação das vendas do comércio eletrônico que tornou a Onofre interessante para a Raia Drogasil.Acreditamos que vai ter uma boa sinergia. A Onofre vai poder ter um ganho operacional e melhora das margens. Já a Raia Drogasil vai conseguir crescer no comércio eletrônico e assim conseguir alcançar uma maior parcela do público de classe C – avaliou.
A Raia Drogasil é a maior rede de farmácia do páis e, em 2018, chegou à marca de 1.825 lojas em operação, o que representa uma fatia de mercado de 12,9% no país, um ganho de 0,9 ponto percetual em relação ao ano anterior e uma receita bruta de R$ 14,8 bilhões.
Além de melhorar a estrutura para avançar no comércio eletrônico, a maior rede do Brasil irá ganhar mais terreno em São Paulo, onde detinha uma fatia de 22,9% em 2018 – igual ao ano anterior, o que indica que a concorrênica está mais difícil no mercado paulista.
O varejo farmacêutico é um mercado muito concentrado no Brasil. Um total de 27 grandes redes estão reunidas na Abrafarma e somam quase metade do faturamento do setor, que chegou a R$ 46,18 bilhões no acumulado em 12 meses até setembro.
Segue o comunicado oficial a realizado à B3
Fonte: O Globo
Adicionar comentário