Nos últimos anos, venho observando a migração de conceitos conhecidos antes apenas pela comunidade de software livre para outras áreas do conhecimento. Grupos distintos de poetas, músicos, artistas agora discutem assuntos relacionados a colaboratividade na criação de derivações artísticas. Não existem dúvidas que a colaboração maciça foi possível graças aos avanços tecnológicos, permitindo uma interferência ativa no processo de criação. O trânsito de pessoas entre esses grupos das mais distintas áreas do conhecimento em locais conhecidos como hackerspaces, espaços compartilhados por amantes da tecnologia, permitiram a aceleração da disseminação dos valores já impregnados a muito tempo na comunidade hacker. Free software, Open Software, GPL, Creative Commons, CopyLeft, já são termos conhecidos por um grande número de pessoas não ligadas diretamente ao mundo dos desenvolvedores, mas falam com propriedade das vantagens do desenvolvimento colaborativo.
A facilidade de acesso as novas tecnologias permitiu que camadas sociais, antes limitadas em seus espaços físicos, agora participem de debates em fóruns, colaborem com ideias em redes sociais, tendo também acesso a vídeos e programas de TV de canais fechados, agora disponibilizados por meio de sites de Streaming, uma situação impensável a algum tempo atrás. Essa facilidade colaborou para a democratização do acesso a conteúdos, permitindo uma participação de toda a sociedade em questões de interesse comum.
Por meio de ações do governo federal, que sempre atuou como um dos principais protagonista na realização de debates e palestras sobre o tema Open, disponibilizou em conjunto com o SERPRO, DATAPREV, entre outros órgão públicos, várias palestras on-line, além de incentivar a utilização de softwares livres nas escolas públicas do país.
Esforços também para se manter sites como Software Público e Software Livre são de grande contribuição para a comunidade, lembrando que o maior beneficiário dessas ações são os cidadãos, já que softwares livres podem ser mantidos por centenas de programadores, diminuindo os gastos dos cofres públicos com aquisições de softwares proprietários.
Vale citar algumas referência utilizadas em engenharia de software como o ensaio de Raymond, Eric Steven; The Cathedral & the Bazaar, O’Reilly (1999) e a Lei de Linus.
Após o amadurecimento dos conceitos de colaboração para a criação de softwares livres, engenheiros de hardware observaram as vantagens do desenvolvimento colaborativo e foram seduzidos e criaram projetos Open Hardware, gerando produtos como Arduíno, RaspBerry PI, Beagle Bone entre outros projetos. A apropriação dos conceitos de open hardware com a popularização das impressões 3D serviram como combustível para a pulverização do termo, rompendo as fronteiras tecnológicas, hoje designers de produtos, projetistas, arquitetos podem colaborar de forma dinâmica permitindo o desenvolvimento de testes de conceito e produção descentralizada.
Com isso colégios e universidades deram início a uma profunda mudança em seus conceitos, adotando as premissas open em seu cotidiano, mas o que dizer quando as mesmas instituições começam a ser impactadas diretamente por esses novos paradigmas? Já que agora a produção de materias educacionais também vem se tornando aberto e cada vez mais colaborativos, como manter a relevância no processo da produção do conhecimento? Já que estão disponíveis na rede um vasto acervo de vídeos, livros e apostilas, muitas inclusive já sob licença Creative Commons.
Qual será então o papel de nossos professores que agora não são mais os únicos detentores da informação?
Esse é apenas mais um dos desafios enfrentados pelas instituições de ensino, talvez a lousa, giz e caderno não suprirão todas as necessidade e anseios desse novo público.
Precisamos realizar uma profunda reflexão sobre esses novos desafios, pois seguindo a tendência, plataformas educacionais como EDX e Coursera, agora disponibilizam conteúdos baseados nos conceitos de open education, open course ware e Open knowledge das mais diversas universidades. Essas informações estão agora a um click dos interessados, professores terão um trabalho mais intenso, procurando fornecer tutoria e apresentando mentores que mostrarão a direção, mas não entregarão respostas prontas.
Com todo esse novo cenário surge uma tríade como alicerce dessa nova sociedade colaborativa, baseando-se em conceitos OPEN:
– Open Source
– Open Hardware
– Open Content
Essa tríade se estabelece como a base de um desenvolvimento mais social e democrático, sendo os alicerces de uma nova sociedade, permitindo o desenvolvimento pessoal de forma mais orgânica e humanizada.
O progresso colaborativo se faz presente, a indústria e o sistema de ensino sofrerá um grande impacto, devendo encontrar novas formas de atuação junto a sociedade, levando em consideração o desenvolvimento humano e seu bem estar.
Essa Open Triad acima se torna a chave para o desenvolvimento sustentável e inclusivo de grandes nações, equilibrando-se sob a tríade dos conceitos OPEN.
Aproveite e colabore com nossa licença, Collaborative Progress Licence, estamos na versão 0.4
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