A Bytedance está prestes a conquistar uma avaliação de mais de US$ 75 bilhões – preço que supera o da Uber Technologies e é o mais alto do mundo
Quando Zhang Yiming começou a vender a ideia de um aplicativo de inteligência artificial que agrega notícias, há seis anos, os investidores como a Sequoia Capital se mostraram céticos.
Naquela época, a pergunta era como um engenheiro de software de 29 anos, com formação local, poderia ser mais astuto que os diversos portais de notícias operados por nomes como a gigante das redes sociais Tencent Holdings e obter lucros onde nem o Google tinha conseguido.
Zhang, hoje com 35 anos, demonstrou que eles estavam errados. Hoje, sua empresa, a Bytedance, está prestes a conquistar uma avaliação de mais de US$ 75 bilhões – preço que supera o da Uber Technologies e é o mais alto do mundo, segundo a CB Insights.
O mais recente a entrar na longa fila de investidores é o SoftBank Group, que, segundo fontes, planeja um investimento de cerca de US$ 1,5 bilhão. Agora, a Bytedance conta com o financiamento da KKR & Co., da General Atlantic e até da Sequoia. Grande parte de sua elevada avaliação vem da criação de uma experiência na internet que é uma mistura entre o Google e o Facebook.
“O mais importante é que não somos uma organização de imprensa. Somos mais parecidos com uma empresa de pesquisas ou com uma plataforma de rede social”, disse Zhang em uma entrevista em 2017, acrescentando que não emprega editores nem jornalistas. “Estamos fazendo um trabalho muito inovador. Não somos uma imitação de alguma empresa dos EUA, nem no produto nem na tecnologia.”
O que é notável é que Zhang conseguiu fazer tudo isso sem receber dinheiro de nenhum dos gigantes da internet na China: a Alibaba Group Holding e a Tencent. É a primeira startup surgida do grupo cada vez menor de operadores do espaço móvel que não procurou proteção nem recursos de uma dessas duas empresas. Na verdade, a Bytedance brigou frequentemente com elas, inclusive nos tribunais.
A história de como a Bytedance se tornou um gigante começa com o site de notícias Jinri Toutiao, mas está mais ligada a uma série de aquisições inteligentes e expansões estratégicas que levaram a empresa para o setor de vídeos móveis e até mesmo para fora da China.
Nutrindo um conjunto de aplicativos bem-sucedidos, a empresa reuniu centenas de milhões de usuários e agora representa uma ameaça para as maiores operadoras de internet da China. A empresa evoluiu e se tornou um império multifacetado que abrange o serviço de vídeos Tik Tok – conhecido localmente como Douyin – e uma infinidade de plataformas para tudo, de piadas até fofoca sobre celebridades.
Mas, assim como aconteceu com o Facebook na mesma etapa da vida, hoje a Bytedance enfrenta dúvidas sobre quando ou como começará a obter lucro.
“O problema predominante na internet da China é que o crescimento do número de usuários e o tempo que cada usuário passa online tem desacelerado abruptamente. A situação está se tornando um jogo de tudo ou nada, e os custos de adquirir usuários e conquistar o tempo deles estão aumentando”, disse Jerry Liu, analista do UBS.
“O que a Bytedance criou é um grupo de aplicativos muito bons para atrair usuários e reter o tempo deles, em parte, aproveitando o tráfego da Jinri Toutiao.”
Fonte: Exame.
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